terça-feira, 29 de setembro de 2020

Divulgação

 INSCRIÇÕES ABERTAS PARA ALUNO ESPECIAL - MESTRADO E DOUTORADO EM EDUCAÇÃO


O Programa de Pós-Graduação em Educação – Mestrado e Doutorado, da Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC, está com inscrições abertas até o dia 09 de outubro de 2020, para os interessados em cursar disciplina na modalidade ALUNO ESPECIAL no 4º trimestre de 2020.  

COMO REALIZAR A INSCRIÇÃO?
Para realizar a inscrição é necessário preenchimento do Requerimento de Matrícula – Aluno Especial, acompanhado das cópias dos seguintes documentos: Mestrado: cópia do RG, CPF, histórico escolar e diploma da graduação, além do curriculum vitae. Doutorado: cópia do RG, CPF, histórico escolar e diploma da graduação e do Mestrado, curriculum vitae, além do resumo da dissertação.

No quarto trimestre de 2020 as disciplinas a serem ofertadas são:
 
DISCIPLINAS OPTATIVAS DAS LINHAS DE PESQUISA - COMUNS AO MESTRADO E DOUTORADO
  • Sexta-feira / Tarde - Seminário Avançado I (ATLE) - Dra. Sandra Regina Simonis Richter / Dra. Ana Luisa Teixeira de Menezes
  • Sexta-feira / Noite -  Educação e Poética da Linguagem - Dra. Sandra Regina Simonis Richter
  • Sexta-feira / Tarde - Seminário Avançado II (ECPS) - Dra. Betina Hillesheim
  • Sexta-feira / Noite - Pesquisa, Currículo e Formação Docente - Dr. Cláudio José de Oliveira
  • Sexta-feira / Tarde - Currículo, Regulação e Emancipação - Dr. Éder da Silva Silveira
  • Sexta-feira / Noite - Seminário Avançado III (ETE)  - Dra. Cheron Zanini Moretti
Os interessados devem enviar o formulário devidamente preenchido junto com a documentação acima listada para o e-mail ppgedu@unisc.br até o dia 09.10.2020. O processo de inscrição inclui apreciação do pedido por parte da Coordenação do Curso. O candidato será contatado pela Secretaria do Programa para comparecer na Universidade a fim de efetivar a matrícula.    

As aulas do 4º trimestre iniciam no dia 16 de outubro de 2020. Outras informações podem ser obtidas pelo e-mail: ppgedu@unisc.br

sábado, 26 de setembro de 2020

Livro

 



Organizador: Mozart Linhares da Silva.

Santa Cruz do Sul.

EDUNISC.

2003.


APRESENTAÇÃO

 

História, Medicina e Sociedade no Brasil, reúne cinco textos acerca das implicações do desenvolvimento dos saberes da medicina científica na sociedade brasileira.

Em que pese a diversidade teórica das abordagens aqui reunidas, o que estabelece a unidade destes textos é o esforço de pensar a ciência, a cultura e a sociedade a partir de relações que transcendem a idéia de um campo insular do saber científico cujas transformações da sociedade fossem, numa linguagem determinista, o resultado de saberes refratários aos seus contextos. É, pois, no entrelaçamento entre visões do mundo e conhecimento científico que se pode vislumbrar que a ciência não é insular como acredita ser mas, sobretudo, o resultado da própria visão de mundo em que está inserida. Ciência e metafísica não estariam tão distantes como supõe a doxa corrente. Se estas questões remetem diretamente a um problema ético da ciência, nos coloca também no debate atual acerca das armadilhas da crença da certeza da verdade científica.

Autores como Stephen Jay Gould, já haviam apontado para as implicações da cultura e da ideologia no método e nas teorias científicas, ou seja, o discurso científico não apenas tem implicações na sociedade, mas também é resultado de valores e crenças da própria sociedade em que o cientista está inserido. Isso implica que a ciência, na sua reificação da verdade, acabou por construir uma lógica do distanciamento, cujo corolário da isenção e da imparcialidade conferiram integridade e objetividade aos seus discursos. Foi assim que as abordagens científicas acerca das "raças", por exemplo, acabaram por legitimar políticas hierarquizadoras e eugênicas, quando não os genocídios. A refutação dessas "teorias científicas" que legitimaram as políticas raciais, apenas representou um avanço da ciência e não a sua trágica historicidade.

Nessa direção, a ciência, como adverte Edgar Morin, "efetivamente deriva da sociologia, do meio que ela constitui" e, sendo assim, ela é mais mutável que a própria teologia. É a isso que a História reclama, a historização do saber científico como saber contextual. Como saber refutável, conforme Popper. Não se trata da reedição pretensiosa do tribunal da História, mas da sua capacidade de memorar e de estabelecer critérios para o entendimento da dialética entre ciência e sociedade.

Os efeitos do discurso científico na sociedade, a se considerar essa concepção refratária do espírito científico, levou a formação de um poder que "escapa" ao próprio saber científico, um poder, vale dizer, mais afeito a estratégia política. É justamente nessa relação entre saber e poder que as estratégias, mesmo "fugidias" para o cientista, possibilitam a criação de dispositivos políticos de intervenção social.

Por outro lado, o saber científico, considerado, portanto, como contextual e sociologicamente implicado, revela que o próprio saber também é o resultado de valores e preconceitos sociais. No caso da medicina, que é o foco central das preocupações dos autores que compõem este livro, os desdobramentos sociais do saber médico podem ser pensados como resultados de saberes histórica e sociologicamente constituídos.

Foi esta a motivação que levou a organização deste livro. Reunir pesquisadores que estão pensando a ciência, seu campo de atuação, sua constituição sociológica e histórica e suas implicações políticas. O foco aqui será a Medicina e seus efeitos políticos, seja na constituição de valores morais, comportamentais ou mesmo simbólicos. É à história da medicina do Brasil que os autores deste livro se dedicaram, nomeadamente as relações entre o saber médico e o bio-determinismo, o saber médico e a produção da anormalidade, o saber médico e suas implicações jurídicas. E ainda, as implicações do bio-determinismo nas questões da eugenia, da arte, da literatura, das políticas públicas e da própria definição do campo profissional da medicina.

 

Mozart Linhares da Silva

Evento

 


XII Jornada Acadêmica “Educação em mudanças: rastros e caminhos em tempos pandêmicos”

Objetivos

- Socializar e discutir com a comunidade as pesquisas e reflexões desenvolvidas e em desenvolvimento, junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Santa Cruz do Sul (PPGEdu/UNISC) e demais pesquisadores e pesquisadoras na área da Educação;

- Promover debates de questões emergentes no campo da Pesquisa em Educação;

Quando: 12, 13 e 14 de novembro de 2020 – via Google Meet*

Carga Horária: 30 horas

Inscrições: Pela internet, Apresentador(a) de Trabalho** até o dia 28/10/2020 e Ouvintes até o dia 09/11/2020;

Investimento: Para a condição de Ouvinte: R$ 20, 00; para a condição de Apresentador(a) de Trabalho: R$ 40,00

*Os links para as salas virtuais serão disponibilizados próximo a data do evento. Os(as) inscritos(as) receberão as devidas informações.

**Poderão ser submetidos trabalhos no formato de resumos expandidos. Confiram as normas e template.

 

Programação – Via Google Meet

- 12/11 (quinta-feira)

Manhã:

9h às 12h: Minicurso: “A escrita e a pesquisa em tempos de pandemia”, Diego Dal Bosco Almeida

Tarde:

13h30m às 17h: Apresentação de Trabalhos

Noite:

18h30m: Momento cultural

19h: Abertura Coordenação

19h15m às 20h15m: “Tecnologias, pandemia e educação”, Vitor Alexandre Pordeus da Silva

20h30m às 22h: “Tecnologias, pandemia e educação”, Roberto Rafael F. da Silva

 

 

- 13/11 (sexta-feira)

Manhã:

9h às 12h: Minicurso: “Estudos subalternos, pós- -colonialismo e a decolonialidade nas pesquisas em Educação”Cheron Moretti

Tarde:

13h30m às 17h: Apresentação de Trabalhos

Noite:

18h 30m: Momento cultural

19h às 22h: “População em vulnerabilidade, educação e tempos pandêmicos”, Dóris Soares, Bruno Ferreira e Fernando Seffner

 

 

14/11 (sábado)

Manhã:

9h às 10h30m: “O lugar da ciência na pós-verdade”Betina Hillesheim e Mozart Linhares da Silva

10h45m às 12h: “Educação Básica em mudanças”Sandra Richter e Éder da Silva Silveira

Tarde:

13h30m às 17h: Apresentação de Trabalhos


Mais informações: https://www.unisc.br/pt/cursos/todos-os-cursos/mestrado-doutorado/mestrado/mestrado-e-doutorado-em-educacao/12-edicao?fbclid=IwAR1NaYT5ct7H_M-ZbOw1UyKPe2MNiS_hCplnqR34LO8E8LPDterOgfifmgo

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Processo Seletivo do PPGEDU - UNISC/2021

 



PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO- MESTRADO E DOUTORADO
Inscrições abertas para as turmas 2021


Estão abertas as inscrições para o Processo Seletivo do Programa de Pós-Graduação em Educação - Mestrado e Doutorado, da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), até o dia 23 de novembro de 2020. 

As inscrições podem ser feitas no site do PPGEdu, onde está disponível o Edital com informações sobre as etapas do processo seletivo, número de vagas, documentação necessária para inscrição, bolsas e financiamentos, entre outras.


Mais informações podem ser obtidas em:
  Fone: (51) 3717-7543 | E-mail: ppgedu@unisc.br


SITE DO PPGEdu | VISUALIZAR O EDITAL


Divulgação Artigo



Título: Educação, tecnologias 4.0 e a estetização ilimitada da vida: pistas para uma crítica curricular Autor: Roberto Rafael Dias da Silva 

 Cadernos IHU ideias, ano 18, nº 301, vol. 18, 2020.

Acesso em: http://www.ihu.unisinos.br/images/stories/cadernos/ideias/301cadernosihuideias.pdf


Divulgação Dossiê

 


REVISTA INTERINSTITUCIONAL ARTES DE EDUCAR

V. 6, N. 3 (2020): DOSSIÊ ITINERÂNCIAS ENTRE MICHEL FOUCAULT E EDUCAÇÃO

Acesso: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/riae

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Entrevista com o Professor Alfredo Veiga-Neto*.

Observatório de Educação e Biopolítica (OEBIO) – PPGEDU - UNISC

15 de setembro de 2020

 


[OEBIO]** O seu livro Foucault e a Educação (2007) alcança um público amplo dos estudiosos da educação, pois ao mesmo tempo em que levanta discussões sobre a obra de Foucault que exigem certa iniciação, oferece uma boa orientação para quem deseja se aventurar nos estudos do filósofo. Escrever um livro como esse deve exigir uma reflexão estratégica: “por onde começar”? Isso implica em considerar, com generosidade, os leitores. É, certamente, um dos livros que se indica para quem pretende começar a ler Foucault. Considerando sua experiência nos estudos do autor, por onde orientaria um jovem estudante a iniciar a leitura da obra? Qual livro de Foucault poderia servir de porta de entrada?

 [Alfredo] Eu agradeço o interesse em fazerem esta entrevista comigo. Tentarei ser claro e sucinto. Quando se trata de colocar Michel Foucault na conversa, isso não é simples.

A primeira questão: a reflexão estratégica que me levou a escrever Foucault e a Educação. De fato, lembro bem: quando me lancei a escrever aquele livro, logo vi que, pela frente, eu tinha uma tarefa trabalhosa. Não parecia fácil escrever um livro pequeno, que fosse claro e acessível para quem estivesse ingressando no campo dos Estudos Foucaultianos e, ao mesmo tempo, útil para quem quisesse articular o pensamento de Michel Foucault com a Educação. Parecia mais um trabalho de Sísifo: a cada dia que eu retomava a escrita, tinha de cortar, retocar, reescrever o que havia feito nos dias anteriores. Todo dia era um eterno retorno; mas a cada repetição, acontecia a diferença. Aliás, comigo é sempre assim: aos poucos, vou polindo o texto, tornando-o mais legível, mais claro e gramaticalmente correto.

De fato, o polimento do texto resulta do gesto que eu chamo de respeito ou consideração aos leitores e às leitoras. Talvez não seja propriamente um gesto de generosidade, se entendermos que essa palavra tem mais a ver com um ato de sacrifício e fidalguia de alguém a favor dos demais. Prefiro falar em respeito e consideração, palavras que se situam mais na esfera do político. Nesse caso, então, trata-se da combinação entre duas atitudes políticas. Uma primeira atitude é mais abrangente: eu escrevo para mim e para os outros; nesse caso, não há lugar para o solipsismo. Se pretendo comunicar com meu texto, ele só cumprirá tal função se quem o ler compreender o que escrevi. A segunda atitude é mais pontual: em educação, é um dever de ofício praticar um ensino que seja claro e acessível ao maior número de pessoas. Não se trata de apenas comunicar genericamente, mas de comunicar ― o mais corretamente possível ― a quem quer ou precisa aprender. Um lamento: não é raro encontrarmos textos dirigidos a alunos e professores ― ou seja, textos que se pretendem pedagógicos ― carregados de barroquismo, hermetismo, afetação e erudição vazia. A minha estrada é completamente outra...

Se o meu livro é útil para quem pretende entrar nos Estudos Foucaultianos, é necessário ter muitíssimo claro que é preciso, ao mesmo tempo, ler o próprio Foucault. Costuma-se falar em “ir às fontes”. E por onde começar? Seja em termos gerais, seja em termos específicos daqueles que estão envolvidos na, pela e com a Educação, costumo sugerir Vigiar e punir. Ao mesmo tempo em que Vigiar e punir tem uma forte carga (digamos) teórica e histórica, ele pode ser lido de maneira fluente, quase como um romance. Aliás, alguns dizem que, lidas as suas primeiras páginas, é muito difícil não ir adiante.

 

[OEBIO] História da loucura (1961), Vigiar e punir (1975) e História da sexualidade II: o uso dos prazeres (1983) são as três obras comumente apontadas como marcadoras das três fases do pensamento de Michel Foucault. Como você vê essa demarcação? Em que medida essa divisão ajuda ou atrapalha a compreensão do pensamento do autor?

 

[Alfredo] Como bem sabemos, de um modo geral as demarcações são problemáticas. Elas ajudam e simplificam. Por ajudarem, elas são úteis e até valiosas; mas, justamente por simplificarem, elas podem distorcer e/ou serem pouco rigorosas. Uma analogia interessante podemos buscar nos estudos do Meio Ambiente. Dizemos que a floresta amazônica e o cerrado são matas, pois são conjuntos de árvores, de portes diversos e geograficamente localizados. Até aí, de modo genérico e olhada de longe, a classificação vai bem; mas o problema complica muito quando queremos olhar nos detalhes e demarcar onde uma categoria termina e onde começa a outra. Aliás, essa é uma questão que envolve muitos debates e cujo fundo é da ordem da Filosofia. Quais critérios usamos ou devemos usar para dizer que isso é isso, que aquilo é aquilo e que isso é diferente daquilo? E mais: com qual detalhamento usamos cada critério? E mais ainda: onde termina isso e começa aquilo (e vice-versa)?

Uma saída, também filosófica, foi dada por Ludwig Wittgenstein quando propôs que não levássemos tão a sério as classificações categoriais, mas que, em seu lugar, usássemos o conceito de semelhanças de família. Nesse caso, os elementos não são distribuídos pelas categorias “verticais” já antecipadamente construídas, mas são relacionados “horizontalmente” segundo relações de semelhanças e diferenças.

Voltemos a Foucault. No caso do seu pensamento e da sua obra, costuma-se falar de fases: a fase arqueológica, a fase genealógica e a fase da ética. Considero tal classificação muito ruim, na medida em que não apenas centra-se nas metodologias usadas pelo filósofo como ― também e pior ― mistura aquilo que se chama de métodos arqueológico e genealógico com a ética (que nada tem a ver com método ou metodologia). Isso tudo sem considerar as discussões que problematizam e questionam o próprio estatuto metodológico da arqueologia e da genealogia...

Atento ao problema, segui Miguel Morey ― nosso colega da Universidade de Barcelona ― e usei a expressão domínios: do ser-saber, do ser-poder e do ser-consigo mesmo. Tal solução não resolve completamente o problema, pois se sabe que, já em História da Loucura, além das perguntas sobre o ser-saber, há também as perguntas sobre o ser-poder e do ser-consigo mesmo.

Lançando mão daquele conceito de Wittgenstein para situar melhor o pensamento e a obra de Michel Foucault, se compreendem as continuidades e os atravessamentos ao longo da sua numerosíssima produção intelectual. E aí entenderemos claramente o fio-condutor que lhe dá coesão: a questão do sujeito; a questão de saber como nos tornamos sujeitos, isso é, saber quais são e como funcionam os processos nos quais, com os quais e a partir dos quais nos tornamos sujeitos. Lembremos sempre que sujeito é o indivíduo que se lança ou se atira ou se coloca sob si mesmo: sub+jectum, pois, em latim, o verbo jectāre significa lançar, atirar. Assim, o sujeito é o indivíduo que, inventado na Modernidade, é capaz de se autoanalisar, autojulgar etc.

 

[OEBIO] Foucault não foi um filósofo da educação e nem a tomou como objeto de suas análises; contudo, o alcance de suas reflexões e as ferramentas teórico-metodológicas que nos oferece são potentes para pensar a educação. Vigiar e punir (1975) é, certamente, um livro emblemático nas reflexões da área, abrindo o caminho do pensamento foucaultiano nas pesquisas em educação. Por quais caminhos os estudos foucaultianos da educação vêm sendo orientados hoje? Quais ferramentas atualizam a reflexão foucaultiana na educação?

 

[Alfredo] Exatamente! Vigiar e punir é uma obra emblemática. Aliás, logo após o lançamento do livro, em 1975, e entusiasmado com sua entrada nos estudos genealógicos, Foucault teria dito “este é o meu primeiro livro”.

É muito interessante o fato de que, mesmo sem ser um livro focado na educação escolar, Vigiar e punir tenha causado uma verdadeira revolução copernicana ― em termos do enfoque, da abordagem e da metodologia ― nos estudos acerca das origens, processos e efeitos (sociais, culturais, políticos, econômicos etc.) da educação. Quando falo em revolução copernicana, me refiro à virada epistemológica que aquele livro provocou: o foco deslocou-se do aparelho escolar como instituição para as práticas que ali se praticam. O centro do problema e o ponto de partida deslocaram-se de uma perspectiva legalista, institucional e burocrática para uma perspectiva acontecimental. Com tal deslocamento, compreendeu-se a profunda descontinuidade entre a educação escolar moderna ocidental e a educação escolar em outros tempos e em outras culturas. A palavra escola pode ser a mesma, mas os sentidos a ela atribuídos, bem como os efeitos que ela produz são radicalmente distintos.

Foucault mostrou que o poder disciplinar foi ― e, em alguma medida, continua sendo ― o denominador comum que aproxima escola, fábrica, hospital, quartel, seminário etc., todos seguindo uma mesma racionalidade. E mostrou mais: que tal racionalidade está nas origens tanto da Modernidade ocidental ― aqui entendida mais como forma de vida e atitude, e menos como período histórico ― quanto desse novo personagem ao qual chamamos de sujeito moderno.

Além dessas bem conhecidas “aplicações” de Foucault na educação, atualmente muitos pesquisadores têm se interessado na articulação entre o terceiro domínio do filósofo e as práticas escolares. Em outras palavras, estão afinando o foco sobre as (assim chamadas) “tecnologias do eu” que são colocadas em movimento nas salas de aula, bem como os “efeitos” de tais tecnologias na constituição ética das crianças.

 

[OEBIO] Foucault é um grande crítico das abordagens universalistas. Para ele o único universal possível é a história. E a história, para o filósofo, é contingente e indeterminada. Há uma radicalidade nessa forma de olhar para a história que nos aponta para a potência crítica do pensamento de Foucault. Poderíamos dizer, a partir dessa percepção da história, que “somos o que somos, mas poderíamos ser outra coisa”? Como o pensamento do filósofo nos auxilia a enfrentar o mundo que habitamos? O que é resistência para Foucault?

 

[Alfredo] Eis aí mais um afastamento entre Foucault e boa parte dos historiadores, sociólogos, politicólogos etc.: o entendimento de que o único a priori é o histórico. Muito diferentemente das Ciências Naturais, nas quais é possível estabelecer, com algum grau de certeza, leis universais e mais ou menos preditivas, nas Ciências Humanas a situação é completamente diferente. Assim, por exemplo, para Foucault e muitos outros, não há “leis da História”.

Quando digo “com algum grau de certeza” e “mais ou menos preditivas”, aponto para o fato de que, como David Hume mostrou há mais de 200 anos, a indução funda-se numa expectativa de natureza psicológica e não numa certeza epistemológica. Isso significa que qualquer previsão ― mesmo nas Ciências Naturais ― contém sempre um grau de incerteza, de indeterminação. Uma tal imprevisibilidade não deriva de alguma suposta limitação ou incapacidade humanas, mas está no caráter contingente do mundo. Para dizer de outro modo: o mundo não é necessitário; o mundo é contingente. O necessitarismo é um mito, pois, assim como tudo é diferença, tudo é também contingência. As similitudes, as necessidades e os determinismos são criações ou construções humanas que facilitam e até orientam o nosso pensamento e o nosso entendimento, que tornam o mundo pensável e compreensível; mas não são inerentes ao mundo. Digamos que estão no mundo, mas não são do mundo.

            A partir dessa perspectiva, a História pode até nos apresentar algum grau de previsibilidade, mas jamais de certeza. Isso é o mesmo que dizer que o a priori ― isso é, aquilo que está na raiz de tudo, o “antes de mais nada” ― é sempre a História. A História não é conduzida por leis ou princípios que seriam anteriores a ela.

            Desse modo, aquilo que é, é porque se tornou assim. Não se trata de um jogo de palavras; trata-se de um afastamento radical em relação ao necessitarismo e a abertura para a construção de outras realidades, outros mundos, outras práticas, experiências outras. O futuro não está dado, mas aberto ao devir, de modo que há algo sempre a ser feito, para melhorar ou para piorar nosso mundo.

Se as coisas são o que são não foi por obra do destino ou de um desígnio transcendente, mas é porque assim foram feitas; então, sempre é possível fazê-las de outros modos, resistindo àquilo que não queremos, de modo a mudar o curso dos acontecimentos. Não se trata de um simples voluntarismo, pois é preciso conhecer, ser hábil e competente para executar as mudanças, sem contar que são necessárias certas condições de possibilidade que independem de indivíduos isolados.

Neste ponto, entra em jogo mais uma particularidade do pensamento de Foucault: a resistência não está fora daqui, num lugar ou numa teoria de onde devemos buscá-la para alterar o rumo da História. Para o filósofo, a resistência é o nome que damos para ações de poder que vão no sentido inverso daquelas outras ações de poder que nos subjugam, nos aprisionam, nos incomodam, nos prejudicam. Resistir é exercer o poder em sentido contrário a um outro poder ao qual não queremos nos sujeitar.

 

[OEBIO] O entendimento do neoliberalismo como um éthos, um modo de ser que nos incita à competitividade, à meritocracia e ao empreendedorismo de si, colocou o mercado como eixo norteador da vida social. Os movimentos inclusivos, nesse sentido, fizeram da inclusão um imperativo, pois pode ser lida como uma forma mais ampla de captura, de colocar todos no jogo. Assistimos hoje a um movimento de radicalização do neoliberalismo, com desdobramentos no mundo do trabalho, como a flexibilização, a uberização, a precarização, etc. É possível ainda falar de imperativo da inclusão?

 

[Alfredo] Essa é uma questão muitíssimo interessante e que se situa no âmbito daquela famosa frase de Foucault: “tudo é perigoso”. Com isso, o filósofo não quis dizer que tudo é ruim, mas, sim, que tudo tem uma dupla face ou, se quisermos, tudo pode ser visto como positivo ou bom e como negativo ou mau.

            Ao compreender o liberalismo e o neoliberalismo como éthos, como modos de estar no mundo e agir sobre o mundo, como modos de vida enfim, Foucault abandona o surrado esquema das ideologias e aprofunda sobremaneira as análises sobre o presente. No curso O nascimento da biopolítica, no Collège de France, ao longo de muitas aulas Foucault expõe detalhadamente suas pesquisas sobre as origens e os desenvolvimentos históricos do liberalismo e das duas formas principais do neoliberalismo: o ordoliberalismo alemão e o neoliberalismo da Escola de Chicago. Aqui no Brasil, parece que “importamos” uma forma radicalizada, degenerada e socialmente malévola do segundo, que Foucault chamou de anarcoliberalismo. Todas essas formas do neoliberalismo se centram na competição, mais do que no consumismo, como fazia e ainda faz o liberalismo. Claro que ainda há um consumismo exagerado, mas ele acontece principalmente em função da competição de uns com os outros e até de cada um consigo mesmo.

É por aí que o imperativo da inclusão ― condição necessária, mas não suficiente, é claro, para o bom funcionamento do neoliberalismo ― perde, pelo menos parcialmente, sua imperatividade. Uma colega nossa ― a Professora Kamila Lockmann, da FURG ― tem feito análises muito interessantes sobre essa questão. Ela tem argumentado que a inclusão, nesses cenários de crescimento do precariado, da uberização e de novas configurações no mundo do trabalho, deixou de ser um imperativo; talvez, a inclusão geral e irrestrita seja algo até mesmo “dispensável” para o bom funcionamento da racionalidade neoliberal. Isso mostra a necessidade de ler e compreender Michel Foucault, prestando atenção para o momento histórico em que ele desenvolveu seu trabalho e nos ofereceu seus insights. Temos aí um bom exemplo de um pensamento nômade, que rejeitava tanto as grandes teorias das abordagens teleológicas universalistas, quanto as grandes sínteses que falam de uma História Geral da Humanidade. No lugar do intelectual geral, entra o intelectual específico; no lugar da continuidade, entram as descontinuidades. Vê-se, assim, a necessidade de atualizarmos constantemente o que podemos aprender com Foucault.

Recorro, aqui, à conhecida “classificação” proposta por Richard Rorty. Esse autor estado-unidense dividiu os filósofos em sistemáticos ― que propõem teorias e querem fazer a Filosofia seguir o “bom” caminho das Ciências ― e edificantes ― que não fazem teorias, mas teorizações cujo objetivo é nos encantar e, como se fossem poetas, nos mostrar que sempre há algo de novo sob o sol. Pois bem, Michel Foucault foi, sempre e radicalmente, um edificante. Mesmo tendo sido ― e continuando a ser ― muito importante e desafiador, é preciso ser lido e entendido nas limitações do horizonte histórico e sociocultural de seu tempo. E é isso que abre, mais do que a possibilidade, a necessidade de ser constantemente atualizado e ressignificado. Trabalhar com ele ou a partir dele é um exercício de liberdade.

 

[OEBIO] É recorrente, nas análises da chamada “pós-verdade”, a acusação de que foi pela crítica pós-estruturalista da verdade que se abriu o caminho para a profusão de um pensamento anticiência ― e mesmo anti-intelectual ― que é mobilizado pelos movimentos da extrema-direita, a exemplo de Trump e Bolsonaro. De que forma você, como estudioso do pensamento de Michel Foucault, autor comumente citado nessas análises, compreende essa crítica?

 

[Alfredo] Esta última pergunta exige uma resposta um pouco mais longa, começando com algumas considerações acerca da verdade.

A posição de Michel Foucault em relação à verdade segue bem de perto a posição de Nietzsche. Ao afirmar que “a verdade é deste mundo”, Foucault assume um entendimento filosófico radicalmente não-platônico. De costas para a Doutrina dos Dois Mundos ― segundo a qual Platão colocava a verdade no mundo perfeito das ideias, e não neste nosso mundo sensível e imperfeito ―, Foucault dizia que está tudo aqui mesmo; inclusive a verdade. Ela existe, sim; e ela é deste nosso mundo, fabricada por nós.

            Essa postura filosófica é frequentemente mal compreendida. Muitos, mergulhados e ancorados no platonismo, acabam afirmando que, para Foucault ― assim como para Nietzsche, Deleuze, Wittgenstein, Rorty e vários outros ― a verdade seria qualquer coisa que se afirme ser verdadeira. Entendem o não-platonismo como um vale-tudo e, consequentemente, como promotor de um relativismo radical. Esse é um equívoco grosseiro. Outros, também agarrados ao platonismo e imobilizados por ele, acusam Foucault ― e aqueles outros que referi acima ― de terem destruído a verdade. Ambas as leituras estão profundamente equivocadas, pois, nem a verdade é qualquer coisa e nem mesmo se está negando a existência da mentira. Ambas ­­―  verdade e mentira ―  ­existem, são deste mundo e podem ser alteradas, refinadas, expostas, escondidas etc.

No plano das experiências e vivências objetivas e materiais, existem verdades objetivas e, consequentemente, existem mentiras (também objetivas). Assim, por exemplo, se eu jogar meu livro no chão, a frase “ele jogou o livro no chão” será verdadeira; e a frase “ele não jogou o livro no chão” será uma mentira, pois, de fato, eu fiz isso (joguei o livro no chão). Ir contra um enunciado que apenas descreve um fato objetivo é uma mentira evidente e, por isso, uma mentira deslavada; nesse caso, é fácil desmascarar a mentira.

No plano das interpretações, ilações e inferências, as mentiras podem assumir o caráter de engano, equívoco, erro, ilusão, segundas intenções etc. Assim, por exemplo, se à frase acima eu acrescentar “ele jogou o livro no chão porque ele não gosta de livros”, a situação começa a ficar complicada. Esse “porque” introduziu um elemento interpretativo que, indo além do fato empírico, poderia ser substituído por um outro “porque”: (ele jogou o livro no chão) “porque ele não gosta desse livro”; e mais outro: “porque esse livro lhe traz lembranças ruins”; e mais outro ainda: “porque esse livro estava ocupando um espaço excessivo na mesa”; ou, ainda: “de fato, parece que ele jogou, mas ele apenas deixou o livro cair no chão”. E assim por diante.

É aí, no plano das interpretações, que se pode usar a mentira para fazer uma contraposição às verdades estabelecidas em acordos comuns, assumidos pelos componentes de uma mesma comunidade linguageira. Em qualquer caso, assim como existe a mentira, também existe a verdade.

            Isso que alguns chamam de pós-verdade encerra um duplo problema. Em primeiro lugar, esse uso hoje inflacionado e abastardado do prefixo pós é, por si só, um problema. Cada vez mais, parece que, num esforço para superar e esquecer o passado, tudo passou a ser pós-isso e pós-aquilo. As relações entre tal esforço e o colapso da temporalidade moderna ― pelo menos, nas maneiras pelas quais o tempo foi percebido, representado e utilizado na Modernidade ― são muito interessantes; mas aqui não cabe entrar em detalhes sobre essa importante questão. Em segundo lugar, o uso da expressão pós-verdade implica assumir que vivíamos tempos em que as verdades eram verdadeiramente verdadeiras e que, agora, tudo se relativizou, a ponto de se dizer que muitas mentiras adquirem automaticamente o estatuto de verdade...

            Nestes tempos de fake news, e principalmente para quem trabalha com educação, a problematização das verdades adquiriu uma importância fundamental. Tenho proposto a expressão cheat news para designar aquelas notícias ou enunciações que, maldosa e intencionalmente, contêm meias-verdades e/ou que misturam enunciados (todos) verdadeiros de modo a levarem os desavisados a uma única e falsa interpretação. Cheat, em inglês, significa fraude, engano, trapaça, vigarice, impostura.

            Ambas, as fake news e as cheat news, podem ser tão mais facilmente desarmadas e desmascaradas quanto mais informados e inteligentes forem seus “alvos”. É óbvio que isso tem tudo a ver com uma educação que desenvolva os pensamentos críticos e lógicos e que ensine a resistir contra essas artimanhas das mentiras e das meias-verdades. Quanto mais educada e escolarizada for uma sociedade ― ou seja, quanto mais alfabetizada em geral e politicamente, mais intelectualmente capacitada a estabelecer relações lógicas complexas, mais familiarizada com um amplo repertório cultural, mais desparoquializada etc. ―, mais fácil será desarmar e desmascarar as fake news e as cheat news.

De certa maneira, neste ponto fecha-se um círculo vicioso que indiretamente referi mais acima: a saber, a desvantagem que representa a inclusão social e escolar para o “bom” funcionamento do neoliberalismo, principalmente em sua versão anárquica, isso é, na versão do anarcoliberalismo. Soma-se a tudo isso que, para aceitar ― e até se engajar deliberadamente com ― a degradação das novas formas do trabalho e da vida social, é necessária uma forte dose de desinformação (ou informação intencionalmente desqualificada) e de estultice. Note-se que uso a palavra estultice, e não burrice, para não ofender os muares...

O negacionismo, o terraplanismo, as condutas anticiência, o conspiracionismo, a teimosia estulta, o reptilianismo etc. são manifestações que crescem no Brasil. Qual uma doença endêmica, a estultice tomou conta do nosso país, desde as classes superiores da política e da administração federal até as camadas mais humildes da população. Tal estado de coisas atinge dimensões alarmantes quando levamos em consideração este momento histórico da pandemia da COVID-19. A grande ironia atual consiste no fato de que, justamente quando mais uma sociedade precisa cerrar fileiras em torno de comportamentos preventivos e curativos inteligentes e baseados na Ciência, mais estultice revelam amplos setores da política e da administração federal. Uma outra ironia, ligada à anterior, é que os personagens que ocupam destacadas posições de liderança nacional são, justamente, os que se mostram mais estultos, seja desobedecendo acintosamente as unânimes recomendações técnicas especializadas, seja negando a gravidade da situação.

Uma das raízes da estultice endêmica está, certamente, numa escolarização historicamente deficiente ― elitista, facilitadora, superficial, aligeirada, desigual e excludente. É claro que a estultice endêmica não será exterminada por obra somente de uma melhor educação escolar. Mas não tenho dúvida de que uma sociedade ampla e igualitariamente escolarizada será muito menos estulta, mais autoprotegida e, consequentemente, mais resistente ao atual ou a futuros surtos endêmicos, epidêmicos ou pandêmicos que porventura nos atingirem.

Não tenho dúvida, também, de que uma melhor escolarização ― igualitária, de bom nível, consequente, cuidadosa, republicana e includente ― conseguirá, a curto e médio prazos, frear e até reverter aquilo que não queremos do status quo anarcoliberal, no Brasil. Um status quo, aliás, que depende também da estultice geral. Eis uma tarefa que não se restringe à educação escolar, mas que precisa da escola para se efetivar: colocar-se na contramão frente aos cantos da sereia que são as máximas da moda e que hoje infestam o imaginário popular, tanto no Brasil quanto fora dele. Além das acima referidas, coisas como a competição desenfreada, o individualismo, o antagonismo, o pensamento mágico, o consumo pelo consumo, o hedonismo, o utilitarismo, o produtivismo desmedido e a espetacularização do eu poderão ser refreadas ou, no mínimo, colocadas sob suspeição.

No âmbito da educação, também vale lembrar os lamentáveis modismos de certas formas de aprendizagem ao longo da vida, do autoempresariamento, da cega obediência à teoria do capital humano e seu endeusamento, da educação domiciliar integral, da celebração da educação a distância como remédio para todos os males, do foco exacerbado na aprendizagem (deixando o ensino em segundo plano) etc.

É claro que Michel Foucault não tratou de todos esses assuntos. Não só ele morreu antes de tais problemas e modismos aparecerem como, sobretudo, seu radar estava dirigido para outras questões. Mais uma vez, insisto em dizer que Foucault não é pau para toda obra! Mas também é claro que ele nos deixou elementos para problematizarmos o nosso sufocante presente. Ele deixou muito material e muitas ferramentas para trabalharmos.

Uma última lição que podemos tirar disso tudo é a prática da hipercrítica, aqui entendida como o éthos crítico que coloca em xeque não apenas aquilo que está sob análise, mas também os próprios pressupostos epistemológicos e teóricos sobre os quais e a partir das quais ela é feita. Isso significa estarmos sempre abertos e livres para revisarmos os limites e a carga de veridicidade das nossas próprias verdades.

_________________________________

Alfredo Veiga-Neto é graduado em História Natural e em Música, mestre em Genética, doutor em Educação. Professor Titular da Faculdade de Educação da UFRGS. Coordenador do GPCC (Grupo de Pesquisa em Currículo e Contemporaneidade/UFRGS).


** Entrevista realizada pelo professor Mozart Linhares da Silva.

Como citar: VEIGA-Neto Alfredo. Entrevista Foucault e a Educação. Observatório de Educação e Biopolítica: 21 set. 2020. Entrevista concedida a Mozart Linhares da Silva. Disponível em: https://oebio.blogspot.com/2020/09/entrevista-com-o-professor-alfredo.html. 





sábado, 19 de setembro de 2020

Livro

 




SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO

ENCAMPAR A RESISTÊNCIA POSSÍVEL.............................................................................7

I - O CAMPO TEÓRICO

A POLIVALÊNCIA TÁTICA COMO TEORIA DA RESISTÊNCIA EM

MICHEL FOUCAULT................................................................................................................21

Atílio Butturi Junior

II - O CAMPO POLÍTICO

RESISTIR HOJE COMO RESISTIMOS ONTEM: MEMÓRIAS DA DITADURA

CIVIL-MILITAR E O DOCUMENTÁRIO TORRE DAS DONZELAS.....................................47

Amanda Braga Israel de Sá

DISCURSO POLÍTICO E RESISTÊNCIA: A ESTILÍSTICA DA (DES)OBEDIÊNCIA

NOS DISCURSOS......................................................................................................................73

Vanice Sargentini

HISTÓRIAS DE RESISTÊNCIA AO CORONAVÍRUS E AO VÍRUS

DO AUTORITARISMO..............................................................................................................95

Azemar dos Santos Soares Júnior

III - O CAMPO ARTÍSTICO

CORPO E RESISTÊNCIA NA HISTÓRIA DO PRESENTE....................................................127

Cleudemar Alves Fernandes

OS ATALHOS HETEROTÓPICOS DA CANÇÃO: UM DEVIR CAETANO COMO

RESISTÊNCIA............................................................................................................................151

Pedro Henrique Varoni de Carvalho

DISCURSO, PODER E RESISTÊNCIA EM SANGRIA, DE LUIZA ROMÃO........................179

Antônio Fernandes Júnior

IV - O CAMPO SOCIAL

FEMINISMOS E RESISTÊNCIAS: VIVER DIFERENTEMENTE O PRESENTE.................207

Margareth Rago

MOVIMENTO LGBTQ+ E RESISTÊNCIA NA CONTEMPORANEIDADE:

PINK MONEY, TRANSGRESSÃO E PRÁTICAS DE LIBERDADE.....................................229

Bruno Franceschini

DA INFÂMIA À RESISTÊNCIA: QUANDO SE É NOTÍCIA PORQUE SE LÊ.....................249

Luzmara Curcino

NECROPOLÍTICA E VIOLÊNCIA RACIAL NO BRASIL......................................................275

Mozart Linhares da Silva

DA ORALIDADE AFRICANA COMO DISCURSO E MODALIDADE PARRESIÁSTICA:

IMPLICAÇÕES PARA A POLÍTICA LINGUÍSTICA..............................................................305

Cristine Gorski Severo

INDÍGENAS BRASILEIROS E A MICROFÍSICA DA RESISTÊNCIA/RESILIÊNCIA

TERRITORIAL, CULTURAL E LINGUÍSTICA......................................................................321

Maria Sílvia Cintra Martins

SOBRE OS AUTORES..............................................................................................................347


O livro conta com textos de
Amanda Braga
(UFPB), Antônio Fernandes Júnior (UFG/ UFCAT), Atílio Butturi Junior (UFSC), Azemar dos Santos Soares
Azemar Júnior
(UFRN),
Bruno Franceschini
(UFG),
Cleudemar Fernandes
(UFU), Cristine Gorski Severo (UFSC),
Israel de Sá
(UFU),
Luzmara Curcino Ferreira
(UFSCar),
Margareth Rago
(UNICAMP), Maria Sílvia Cintra Martins (UFSCar),
Mozart Linhares da Silva
(UNISC),
Pedro Henrique Varoni de Carvalho
(USP) e
Vanice Sargentini
(UFPB/ UFSCar).




sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Livro



Raça e Nação em disputa: Debates Identitários Luso-Brasileiro (1934)

Autor: Mateus Silva Skolaude

Novas Edições Acadêmicas, 2017. ISBN: 978-620-2-04587-2

Este estudo parte da coincidência de três eventos científico-políticos organizados em 1934 e que mobilizaram redes intelectuais de pensadores brasileiros e portugueses: o Instituto Luso-Brasileiro de Alta Cultura, fundado no dia 15 de junho no Rio de Janeiro; a 1ª Exposição Colonial Portuguesa, organizada entre os meses de junho e setembro na cidade do Porto e o 1º Congresso Afro-brasileiro, realizado no Recife em novembro do mesmo ano. Em todos estes fóruns as narrativas de raça e nação atravessaram os debates, tendo em vista as perspectivas teóricas disponíveis naquele contexto: do neo-lamarckismo à eugenia negativa, do luso-tropicalismo de Gilberto Freyre à etnogenia brasílica de Mendes Corrêa.


Livro




Identidades rasuradas: o caso da comunidade afro-descendente de Santa Cruz do Sul (1970-2000).

Autor: Mateus Silva Skolaude. 
Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2008. ISBN 978-85-7578-212-5

Apresentação:
Identidades rasuradas: o caso da comunidade afro-descendente de Santa Cruz do Sul (1970-2000) de Mateus Skolaude enfrenta a problemática da construção das identidades da comunidade afro-descendente em regiões de colonização germânica, no caso, na região de Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo. E enfrenta essa problemática a partir da perspectiva dos Estudos Culturais, contornando as concepções essencialistas da identidade e da cultura, normalmente legitimadas por abordagens folclorizadas das expressões e manifestações “culturais”. Ao se distanciar da tradição historiográfica regional, normalmente tendente a uma visão ufanista em relação aos mitos fundadores da comunidade étnica, o autor focaliza as identidades que são construídas para além das narrativas homogeneizadoras. Desloca o olhar, justamente, para os sujeitos afro-descendentes e ressalta como ocorrem os processos de subjetivação dessas identidades frente o discurso identitário regional. É nesse sentido que Mateus procura chamar a atenção para o fato inequívoco de que as identidades são construídas a partir de relações de poder e tencionamentos políticos que merecem ser analisados. É assim que demonstra como as identidades que pretendem ser homogeneizadoras, como no caso de Santa Cruz do Sul, se constroem a partir de narrativas contrastivas que necessitam do “Outro”, do diferente, nem que para isso esse outro tenha que ser construído, inventado. Daí os processos de estereotipação das identidades rasuradas, no caso, dos negros em Santa Cruz do Sul. 

Mozart Linhares da Silva

Santa Cruz do Sul, abril de 2008