Título: A emergência do discurso da branquitude na legislação brasileira:
racismo e educação
Autora: Marisa Fernanda da Silva Bueno
Ano: 2020
Instituição: PPGEDU - UNISC
Resumo:
A presente tese objetiva analisar
e problematizar as condições relacionadas à emergência do discurso da
branquitude na legislação antirracista brasileira publicada após a Constituição
Federativa do Brasil de 1988, sobretudo no que se refere à educação. Desenvolvida
na linha de pesquisa “Educação, Cultura e Produção de Sujeitos”, na área de
concentração “Educação”, do Programa de Pós-Graduação em Educação da
Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC, a tese toma a análise do discurso
foucaultiana, de cunho arqueogenealógico, para o desenvolvimento das análises
propostas. Nesse sentido, por meio dos operadores conceituais
governamentalidade, verdade e dispositivo, o discurso da branquitude é
analisado, a partir dos questionamentos e problematizações que o campo de
estudos da branquitude promove sobre a constituição do racismo e a forma como
ele se inscreve como um recurso de exclusão, como um dispositivo em prol,
sobretudo, da normalização da brancura e da constituição de privilégios para
aqueles que se definem como brancos. Com o alinhamento das verdades construídas
nos períodos de colonização e pós-abolição, as teorias raciais se mantiveram
como saberes estruturantes da cultura ocidental. Esses mecanismos discursivos
deram suporte para a construção de estigmas e estereótipos que, primeiro,
justificaram a escravidão – aniquilando o outro, cuja existência foi vinculada
ao valor de mercadoria e, posteriormente, impuseram aos negros restrições
sociais, impedindo a sua participação de forma igualitária nas possibilidades
estatais e o desenvolvimento de suas potencialidades. O corpus documental desta
tese se materializa através da legislação antirracista publicada após a
Constituição Federal de 1988 e da pesquisa dos movimentos políticos necessários
para a efetivação das leis antirracistas. A partir das análises propostas, foi
possível concluir que a legislação antirracista é um importante demarcador das
conquistas do Movimento Negro no Brasil, especialmente no que se refere à
educação, percebida como um potente instrumento de mudança social. Outra
questão importante é a presença do discurso da branquitude na legislação
brasileira, embora ela não seja nomeada. Para que a legislação antirracista
fosse publicada, especialmente as políticas de ações afirmativas, foi preciso o
reconhecimento do racismo, bem como dos privilégios para a população branca. No
momento em que o discurso da branquitude se materializa em textos e falas
(ditas e não ditas), ele produz práticas sociais, gera debate e subjetiva os
sujeitos sobre os seus pressupostos.
Palavras-chave: Branquitude. Poder. Educação. Racismo. Legislação
Antirracista.
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