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Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul, Brazil
O Observatório de Educação e Biopolítica (OEBIO) é uma iniciativa integrada ao Grupo de Pesquisa Identidade e Diferença na Educação e à Linha de Pesquisa Educação, Cultura e Produção de Sujeitos, no âmbito do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade de Santa Cruz do Sul – RS. O OEBIO reúne pesquisadores(as) interessados nos estudos pós-estruturalistas, especialmente nos estudos foucaultianos, e suas interseções com a Educação. O objetivo do blog é divulgar as pesquisas (dissertações e teses), publicações e ações do grupo, além de criar espaços para trocas, parcerias e diálogos com pesquisadores(as) de outras instituições.

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sexta-feira, 14 de junho de 2024

PRÊMIO TESE CAPES 2021 

AUTORA: Marisa Fernanda da Silva Bueno

TÍTULO: A emergência do discurso da branquitude na legislação brasileira: racismo e educação

ORIENTADOR: Professor Doutor Mozart Linhares da Silva

https://repositorio.unisc.br/jspui/bitstream/11624/2898/1/Marisa%20Fernanda%20da%20Silva%20Bueno.pdf



RESUMO

 

A presente tese objetiva analisar e problematizar as condições relacionadas à emergência do discurso da branquitude na legislação antirracista brasileira – publicada após a Constituição Federativa do Brasil de 1988 –, sobretudo no que se refere à educação. Desenvolvida na linha de pesquisa “Educação, Cultura e Produção de Sujeitos”, na área de concentração “Educação”, do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC, a tese toma a análise do discurso foucaultiana, de cunho arqueogenealógico, para o desenvolvimento das análises propostas. Nesse sentido, por meio dos operadores conceituais governamentalidade, verdade e dispositivo, o discurso da branquitude é analisado, a partir dos questionamentos e problematizações que o campo de estudos da branquitude promove sobre a constituição do racismo e a forma como ele se inscreve como um recurso de exclusão, como um dispositivo em prol, sobretudo, da normalização da brancura e da constituição de privilégios para aqueles que se definem como brancos. Com o alinhamento das verdades construídas nos períodos de colonização e pós-abolição, as teorias raciais se mantiveram como saberes estruturantes da cultura ocidental. Esses mecanismos discursivos deram suporte para a construção de estigmas e estereótipos que, primeiro, justificaram a escravidão – aniquilando o outro, cuja existência foi vinculada ao valor de mercadoria e, posteriormente, impuseram aos negros restrições sociais, impedindo a sua participação de forma igualitária nas possibilidades estatais e o desenvolvimento de suas potencialidades. O corpus documental desta tese se materializa através da legislação antirracista publicada após a Constituição Federal de 1988 e da pesquisa dos movimentos políticos necessários para a efetivação das leis antirracistas. A partir das análises propostas, foi possível concluir que a legislação antirracista é um importante demarcador das conquistas do Movimento Negro no Brasil, especialmente no que se refere à educação, percebida como um potente instrumento de mudança social. Outra questão importante é a presença do discurso da branquitude na legislação brasileira, embora ela não seja nomeada. Para que a legislação antirracista fosse publicada, especialmente as políticas de ações afirmativas, foi preciso o reconhecimento do racismo, bem como dos privilégios para a população branca. No momento em que o discurso da branquitude se materializa em textos e falas (ditas e não ditas), ele produz práticas sociais, gera debate e subjetiva os sujeitos sobre os seus pressupostos.

 

Palavras-chave: Branquitude. Poder. Educação. Racismo. Legislação Antirracista.




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