Tese: "Branco com branco, preto com preto" : contribuições da educação eugênica para a produção da branquitude no Brasil (1909-1945).
Resumo:
A tese analisa como as teorias raciais modernas difundidas no Brasil a partir da segunda metade do século XIX e o movimento eugenista desdobrado dessas teorias no início do século XX contribuíram por meio da educabilidade/subjetivação para a constituição da branquitude no Brasil em um contexto marcado pela construção das narrativas identitárias nacionais. O recorte temporal concentrou-se de 1909, com o primeiro artigo que citou a Eugenia em solo brasileiro, até 1945, com o término da Segunda Guerra Mundial, momento em que o movimento eugenista perdeu o status de ciência e entrou em declínio em todo o mundo, após a exposição das práticas realizadas pela Alemanha nazista. As lentes teóricas que ancoraram esta pesquisa foram a biopolítica e o racismo de Estado, conforme a perspectiva do filósofo Michel Foucault e seus comentadores. Para alcançar este objetivo, foi necessário, inicialmente, problematizar e percorrer a constituição do conceito de raça no Ocidente e suas recepções pela intelectualidade brasileira. A Eugenia surgiu na Inglaterra no final do século XIX e, de início, conseguiu abrangência na Europa e depois em outros países, como na América Latina e Japão. Tendo como foco o Brasil, esta pesquisa problematizou e percorreu os conceitos de raça, mestiçagem, Educação eugênica, branqueamento da população, imigração, (mito da) democracia racial, subjetividade e branquitude, além do percurso racial ao longo dos censos no país. A proposição do conceito Micropoder da Branquitude, os achados de documentos históricos inéditos na historiografia nacional sobre a chegada da eugenia no Brasil e o tema central desta tese justificam o ineditismo da pesquisa. Foram analisadas as seguintes fontes históricas primárias e documentais que compõem o corpus empírico desta pesquisa: (1) Legislação e documentos oficiais; (2) Congressos, conferências e eventos similares; (3) Teses doutorais de Medicina; (4) Revistas, periódicos e similares; (5) Jornais; (6) Livros e (7) Arte. Em centenas de fontes consultadas, foram encontradas evidências de que a Educação eugênica contribuiu substancialmente para a constituição da branquitude no Brasil em um país marcado pelos recortes raciais e eugenistas na sociedade a partir do privilégio e superioridade brancos e inferioridade não-branca, relegada, muitas vezes, a estereótipos preconceituosos.
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