Título: Biopolítica da pandemia: discursos, produção de verdades e processos educativos durante a crise sanitária do coronavírus no Brasil
Autora:
Fernanda dos Santos Iochims
Orientador:
Mozart Linhares da Silva
Dissertação (Mestrado em Programa de
Pós-Graduação em Educação (Mestrado e Doutorado)), 2022. - Universidade de
Santa Cruz do Sul, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.
https://repositorio.unisc.br/jspui/handle/11624/3469
Resumo:
Esta pesquisa objetiva analisar, através das
lentes de Michel Foucault, o contexto das pandemias na história, suas
repercussões no modo de construção do sujeito e da sociedade e a produção de
subjetividades a partir das conduções bio e necropolíticas da governamentalidade
neoliberal, que constroem normativas, educam e subjetivam os indivíduos imersos
em um cenário pandêmico que se reproduz na atualidade. A forma como o Estado
conduz a pandemia no Brasil traz à tona as vidas consideradas perdíveis, matáveis,
destrutíveis, que não merecem luto ou não são passíveis de sofrimento. É neste
contexto em que se opera não mais a biopolítica, mas sim um modelo
necropolítico da governamentalidade neoliberal, que produz os corpos que não
importam lançando mão de um poder que atua sobre faixas etárias, sobre
populações pobres, sobre cores, etnias, gêneros, sobre sexualidades. A
globalização do neoliberalismo cria o ambiente ideal para que se estabeleça a
bio e a necropolítica que atravessam as estruturas deste modelo que tem o
capital, o lucro a todo custo em seu cerne. Pensar sobre bio e necropolítica,
sobre as implicações do discurso e sobre os processos educativos e de
subjetivação que nos constituem, é refletir também sobre o conjunto de práticas
que promovem o genocídio de certos grupos que, através da lógica neoliberal e
seus dispositivos de poder, ficam completamente vulneráveis à morte. A pesquisa
nos amplia a compreensão sobre os arranjos necropolíticos da governamentalidade
neoliberal, sobretudo no contexto de vulnerabilidade exacerbada em que se
constitui a pandemia da Covid-19. É imprescindível que confiramos oposição à
uma lógica que exclui, que vulnerabiliza, que oprime e que mata. Não podemos
aceitar que o luto seja simplificado, que a morte seja naturalizada, que se
torne aceitável. Urge uma questão ética, humana, para que seja sustentada
resistência à roda de violência.
Título:
Branquitude e Educação: um olhar sobre a constituição das subjetividades
raciais no ambiente escolar
Autora:
Luiza Franco Dias
Orientador: Mozart
Linhares da Silva.
Dissertação (Mestrado em Programa de
Pós-Graduação em Educação (Mestrado e Doutorado)) - Universidade de Santa Cruz
do Sul, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.
https://repositorio.unisc.br/jspui/handle/11624/3133
Resumo:
Considerando os estudos sobre branquitude e educação, bem como as lentes
foucaultianas em relação às práticas discursivas e à constituição do sujeito, a
presente pesquisa se debruça sobre as relações raciais e sobre o racismo no
ambiente escolar. A problemática da pesquisa consiste em analisar como os
discursos em relação às questões raciais se configuram no ambiente escolar, a
partir das narrativas de docentes e demais agentes implicados no ensino básico
público da cidade de Santa Cruz do Sul/RS. As narrativas dos(as)
professores(as) e agentes da educação carregam consigo premissas a serem
analisadas para compreender quais verdades circulam em relação à ideia de
"raça" e como as práticas discursivas sobre o racismo se constituem
no campo da educação. O corpus discursivo da pesquisa é produzido por meio da
técnica investigativa de grupos focais e da transcrição das falas dos sujeitos
da pesquisa. A discussão analítica desse corpus se dá com base na Análise do
Discurso (AD), de acordo com as lentes foucaultianas. O trabalho é estruturado
com dois capítulos teóricos referentes às discussões, sendo o primeiro sobre
"Branquitude e educação: problematizações", e o segundo sobre a
"Dinâmica social do racismo e da branquitude no Brasil", os quais
servem de aporte reflexivo para as discussões analíticas. Quanto ao capítulo
?Atravessamentos discursivos da branquitude?, é realizada a análise do corpus
discursivo através da construção de nove subtópicos que contemplam as
inquietações propostas nos objetivos da pesquisa, tratando respectivamente dos
seguintes temas: (I) invisibilidade e negação do racismo; (II) discurso
meritocrático e mito da democracia racial; (III) concepção de racismo reverso;
(IV) racismo, educação e mercado de trabalho; (V) o papel da escola, do professor
e da lei 10.639/2003 na educação antirracista; (VI) a importância da
representatividade na escola e nos materiais didáticos; (VII) discussões em
relação às cotas raciais; (VIII) mobilidade social e as fronteiras raciais em
relação à espacialidade urbana, e, por último; (IX) as práticas discursivas
sobre o racismo que circulam na escola enquanto reflexo da sociedade. Por fim,
é proposto um capítulo teórico-reflexivo intitulado "Ethos Neoliberal,
Educação e Devir", no qual são articulados os discursos meritocráticos que
emergiram na pesquisa com o contexto neoliberal contemporâneo. Evidencio, para
concluir, que os discursos da branquitude ratificam a construção de um sistema
educacional fundado com base em um ideal de brancura, isto é, tendo a
constituição da identidade branca enquanto norma, o que influencia diretamente
os processos de subjetivação no ambiente escolar.
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