Pesquisa de Pós-doutoramento sob
supervisão do Prof. Dr. Mozart Linhares da Silva (em andamento)
Autora: Simone Andrea Schwinn
Autora: Simone Andrea Schwinn
Título: Educação, biopolítica e saúde: violência obstétrica contra mulheres negras no Brasil.
Resumo: A pesquisa surge da constatação de que o
número de trabalhos acerca do tema “violência obstétrica no Brasil” tem pouca
presença nos periódicos nacionais, inclusive nos periódicos dedicados às Ciências
da Saúde, sobretudo quando se observa o recorte racial das pesquisas. Consequentemente,
o racismo contra mulheres negras no sistema de saúde torna-se praticamente
invisível. Por outro lado, os currículos dos cursos da área da saúde, inclusive
na pós-graduação, não tem dedicado espaço a esse tema, de acordo com os levantamentos
realizados. Percebe-se, portanto, a importância da discussão acerca da
violência obstétrica contra mulheres negras, entrecruzada pelo tema do racismo
institucional, da violência de gênero e da interseccionalidade, cujos reflexos
podem ser percebidos em diferentes áreas, como saúde e educação. Nessa
perspectiva, tendo em vista os elementos que a justificam, a presente pesquisa
tem como objetivo central, analisar porque a violência obstétrica contra
mulheres negras pode ser considerada uma das faces do racismo institucional, a
partir de uma abordagem interseccional de múltiplas desigualdades, no campo da
educação e saúde, a partir dos estudos sobre biopolítica. Para
tanto, a pesquisa se valerá dos estudos sobre biopolítica de Michel Foucault,
tendo em vista que o racismo institucional é um conjunto de dispositivos
biopolíticos, ações e omissões que, desde o aparato estatal, discriminam,
excluem, segregam espacialmente, perseguem e violam direitos humanos de
sujeitos e grupos sociais baseando-se na raça ou etnia, presentes em leis,
instituições, políticas públicas, discursos e ações de atores políticos. Ainda,
trará contribuições de Achilie Mbembe, onde a população negra torna-se alvo da
necropolítica, que é a forma como o Estado escolhe quem vive e quem morre sob
seu poder, uma vez que é ele quem detém as condições necessárias para a
sobrevivência, podendo, portanto, gerir as formas de morrer, sem que isso cause
grande comoção social. Também se valerá das contribuições sobre precariedade e
vulnerabilidade trazidas por Judith Butler, na medida em que para a autora a
precariedade traduz uma condição politicamente construída através da qual
determinadas populações são assimetricamente expostas a contextos de violência,
enfermidade, pobreza ou morte e, onde a normalização da violência contra certas
populações, faz com elas sejam privadas dos recursos necessários à minimização
de sua vulnerabilidade.
Palavras - chave: Biopolítica. Educação. Saúde. Racismo institucional.
Violência obstétrica.
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