O Império dos Bacharéis problematiza a formação da cultura jurídica moderna brasileira a partir da análise da Reforma dos Estatutos da Universidade de Coimbra (1772), quando, depois de mais de duzentos anos de pedagogismo escolástico, o pensamento moderno, oriundo da revolução galileana e newtoniana, foi institucionalizado. O autor enfrenta, nesse sentido, as diversas correntes do pensamento jurídico que acirraram os debates acerca das teses jusnaturalistas e jusracionalistas no contexto da Reforma. A recepção do pensamento moderno em Portugal, nomeadamente no campo jurídico, foi marcante na formação da geração de intelectuais estadistas que participaram do processo de estruturação do Estado-nação brasileiro. O autor analisa esta herança coimbrã na criação dos Cursos Jurídicos de Olinda e de São Paulo e no Código Criminal de 1830, destacando a importância destas instituições na estrategia política centralizadora do Império. O pano de fundo que perpassa a obra situa-se na (re) discussão do corolário das "idéias fora do lugar" e do paradoxo entre tradição e modernidade. A partir de conceitos como hibridismo e equilíbrio de antagonismos, o livro articula o pensamento jurídico moderno com a dinâmica da cultura política brasileira, recolocando as idéias em seus lugares.
Grupo de Pesquisa "Identidade e diferença na educação (CNPq)"
- Observatório de Educação e Biopolítica
- Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul, Brazil
- O Observatório de Educação e Biopolítica (OEBIO) é uma iniciativa integrada ao Grupo de Pesquisa Identidade e Diferença na Educação e à Linha de Pesquisa Educação, Cultura e Produção de Sujeitos, no âmbito do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade de Santa Cruz do Sul – RS. O OEBIO reúne pesquisadores(as) interessados nos estudos pós-estruturalistas, especialmente nos estudos foucaultianos, e suas interseções com a Educação. O objetivo do blog é divulgar as pesquisas (dissertações e teses), publicações e ações do grupo, além de criar espaços para trocas, parcerias e diálogos com pesquisadores(as) de outras instituições.
Postagem em destaque
terça-feira, 16 de julho de 2024
Livro
O Império dos Bacharéis problematiza a formação da cultura jurídica moderna brasileira a partir da análise da Reforma dos Estatutos da Universidade de Coimbra (1772), quando, depois de mais de duzentos anos de pedagogismo escolástico, o pensamento moderno, oriundo da revolução galileana e newtoniana, foi institucionalizado. O autor enfrenta, nesse sentido, as diversas correntes do pensamento jurídico que acirraram os debates acerca das teses jusnaturalistas e jusracionalistas no contexto da Reforma. A recepção do pensamento moderno em Portugal, nomeadamente no campo jurídico, foi marcante na formação da geração de intelectuais estadistas que participaram do processo de estruturação do Estado-nação brasileiro. O autor analisa esta herança coimbrã na criação dos Cursos Jurídicos de Olinda e de São Paulo e no Código Criminal de 1830, destacando a importância destas instituições na estrategia política centralizadora do Império. O pano de fundo que perpassa a obra situa-se na (re) discussão do corolário das "idéias fora do lugar" e do paradoxo entre tradição e modernidade. A partir de conceitos como hibridismo e equilíbrio de antagonismos, o livro articula o pensamento jurídico moderno com a dinâmica da cultura política brasileira, recolocando as idéias em seus lugares.
segunda-feira, 15 de julho de 2024
Colóquio Foucault 40 anos (1926-1984): Subjetivação e Sexualidade
quarta-feira, 3 de julho de 2024
Dissertações
Título: Biopolítica da pandemia: discursos, produção de verdades e processos educativos durante a crise sanitária do coronavírus no Brasil
Autora:
Fernanda dos Santos Iochims
Orientador:
Mozart Linhares da Silva
Dissertação (Mestrado em Programa de
Pós-Graduação em Educação (Mestrado e Doutorado)), 2022. - Universidade de
Santa Cruz do Sul, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.
https://repositorio.unisc.br/jspui/handle/11624/3469
Resumo:
Esta pesquisa objetiva analisar, através das
lentes de Michel Foucault, o contexto das pandemias na história, suas
repercussões no modo de construção do sujeito e da sociedade e a produção de
subjetividades a partir das conduções bio e necropolíticas da governamentalidade
neoliberal, que constroem normativas, educam e subjetivam os indivíduos imersos
em um cenário pandêmico que se reproduz na atualidade. A forma como o Estado
conduz a pandemia no Brasil traz à tona as vidas consideradas perdíveis, matáveis,
destrutíveis, que não merecem luto ou não são passíveis de sofrimento. É neste
contexto em que se opera não mais a biopolítica, mas sim um modelo
necropolítico da governamentalidade neoliberal, que produz os corpos que não
importam lançando mão de um poder que atua sobre faixas etárias, sobre
populações pobres, sobre cores, etnias, gêneros, sobre sexualidades. A
globalização do neoliberalismo cria o ambiente ideal para que se estabeleça a
bio e a necropolítica que atravessam as estruturas deste modelo que tem o
capital, o lucro a todo custo em seu cerne. Pensar sobre bio e necropolítica,
sobre as implicações do discurso e sobre os processos educativos e de
subjetivação que nos constituem, é refletir também sobre o conjunto de práticas
que promovem o genocídio de certos grupos que, através da lógica neoliberal e
seus dispositivos de poder, ficam completamente vulneráveis à morte. A pesquisa
nos amplia a compreensão sobre os arranjos necropolíticos da governamentalidade
neoliberal, sobretudo no contexto de vulnerabilidade exacerbada em que se
constitui a pandemia da Covid-19. É imprescindível que confiramos oposição à
uma lógica que exclui, que vulnerabiliza, que oprime e que mata. Não podemos
aceitar que o luto seja simplificado, que a morte seja naturalizada, que se
torne aceitável. Urge uma questão ética, humana, para que seja sustentada
resistência à roda de violência.
Título:
Branquitude e Educação: um olhar sobre a constituição das subjetividades
raciais no ambiente escolar
Autora:
Luiza Franco Dias
Orientador: Mozart
Linhares da Silva.
Dissertação (Mestrado em Programa de
Pós-Graduação em Educação (Mestrado e Doutorado)) - Universidade de Santa Cruz
do Sul, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.
https://repositorio.unisc.br/jspui/handle/11624/3133
Resumo:
Considerando os estudos sobre branquitude e educação, bem como as lentes
foucaultianas em relação às práticas discursivas e à constituição do sujeito, a
presente pesquisa se debruça sobre as relações raciais e sobre o racismo no
ambiente escolar. A problemática da pesquisa consiste em analisar como os
discursos em relação às questões raciais se configuram no ambiente escolar, a
partir das narrativas de docentes e demais agentes implicados no ensino básico
público da cidade de Santa Cruz do Sul/RS. As narrativas dos(as)
professores(as) e agentes da educação carregam consigo premissas a serem
analisadas para compreender quais verdades circulam em relação à ideia de
"raça" e como as práticas discursivas sobre o racismo se constituem
no campo da educação. O corpus discursivo da pesquisa é produzido por meio da
técnica investigativa de grupos focais e da transcrição das falas dos sujeitos
da pesquisa. A discussão analítica desse corpus se dá com base na Análise do
Discurso (AD), de acordo com as lentes foucaultianas. O trabalho é estruturado
com dois capítulos teóricos referentes às discussões, sendo o primeiro sobre
"Branquitude e educação: problematizações", e o segundo sobre a
"Dinâmica social do racismo e da branquitude no Brasil", os quais
servem de aporte reflexivo para as discussões analíticas. Quanto ao capítulo
?Atravessamentos discursivos da branquitude?, é realizada a análise do corpus
discursivo através da construção de nove subtópicos que contemplam as
inquietações propostas nos objetivos da pesquisa, tratando respectivamente dos
seguintes temas: (I) invisibilidade e negação do racismo; (II) discurso
meritocrático e mito da democracia racial; (III) concepção de racismo reverso;
(IV) racismo, educação e mercado de trabalho; (V) o papel da escola, do professor
e da lei 10.639/2003 na educação antirracista; (VI) a importância da
representatividade na escola e nos materiais didáticos; (VII) discussões em
relação às cotas raciais; (VIII) mobilidade social e as fronteiras raciais em
relação à espacialidade urbana, e, por último; (IX) as práticas discursivas
sobre o racismo que circulam na escola enquanto reflexo da sociedade. Por fim,
é proposto um capítulo teórico-reflexivo intitulado "Ethos Neoliberal,
Educação e Devir", no qual são articulados os discursos meritocráticos que
emergiram na pesquisa com o contexto neoliberal contemporâneo. Evidencio, para
concluir, que os discursos da branquitude ratificam a construção de um sistema
educacional fundado com base em um ideal de brancura, isto é, tendo a
constituição da identidade branca enquanto norma, o que influencia diretamente
os processos de subjetivação no ambiente escolar.
Artigos publicados
Título: Uma leitura biopolítica de pinturas da História do Brasil
Autor: Manuel Alves de Sousa Junior
Revista de Humanidades, Tecnologia e Cultura - REHUTEC, Vol.
10 Nº 2, Dezembro de 2021
Acesse o periódico: https://8d6b9f8a-910d-4c0e-8e2d-f6c0ea7c677c.filesusr.com/ugd/c3ebcb_eac704399f3a4712ab52ee610980702a.pdf
O artigo aborda uma análise de
pinturas que representam diferentes momentos da história do Brasil sob uma
perspectiva biopolítica foucaultiana. A história da arte refletiu e representou
a sociedade de seu tempo a partir de uma leitura artística. Foram selecionadas
quatro pinturas de momentos diferentes da história do Brasil e analisados a
partir das lentes biopolíticas. Em algumas obras também foi possível o diálogo
teórico com o conceito de necropolítica de Achille Mbembe. Elementos
importantes do processo de construção nacional foram citados e discutidos a
partir das obras de arte como sociedades indígenas, escravidão, eugenia,
higiene, sanitarismo e república. A leitura biopolítica permitiu refletir sobre
os grupos minoritários ou minoritarizados da sociedade brasileira atual.
Palavras-chave: Eugenia. Teorias raciais.
Biopolítica. Necropolítica. História do Brasil.
Título: Educação eugênica sim, e daí? Condutas do
governo brasileiro na pandemia sob perspectiva necrobiopolítica
Autor: Manuel Alves de Sousa Junior
Missóes - Revista de Ciências Humanas e Sociais, Vol. 7 Nº
3, fevereiro de 2022
Acesse o periódico: https://periodicos.unipampa.edu.br/index.php/Missoes/article/view/108734
Este artigo apresenta um
compilado de falas e ações eugênicas proferidas por integrantes do governo
federal e analisadas com as lentes da biopolítica de Foucault e necropolítica
de Mbembe. O Brasil figura com destaque internacional pelo péssimo desempenho
ao longo da pandemia. Desde que a COVID-19 chegou ao país, o governo vem
atuando com um negacionismo explícito de diversas formas: provocando
aglomerações, disseminando fake news, condenando o uso de máscaras, estimulando
a imunidade de rebanho e medicamentos sem comprovação cientifica. Muitas dessas
medidas podem ser consideradas eugênicas visto que promovem a morte de uns em
detrimento de outros, base da premissa eugenista de purificar uma raça de modo
que alguns selecionados devem morrer para o bem e para a vida melhor de outros.
Esse contexto está imerso na necro-biopolítica. As ações eugênicas não
surpreendem, visto que o chefe do executivo federal sempre flertou com o
nazismo e com práticas consideradas eugenistas como o controle da natalidade
pela esterilização de pobres. No contexto pandêmico essas ideias ganham outra
dimensão em um país que segue contando seus mortos aos milhares. Muitas mortes
poderiam ter sido evitadas com uma condução mais efetiva e coordenada da gestão
no combate ao vírus.
Palavras-chave: Eugenia.
Darwinismo social. Biopolítica. Necropolítica. Pandemia da COVID-19.
Título: Uma neoeugenia no colapso da saúde do Brasil
pandêmico em uma perspectiva biopolítica
Autor: Manuel Alves de Sousa Junior
Research, Society and Development, Vol. 11 Nº 2, fevereiro
de 2022
Acesse o periódico: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/26154/22836
O objetivo deste trabalho foi
trazer a reflexão sobre a presença de alguns sinais eugênicos estarem sendo
aplicados involuntariamente, ao longo da pandemia, por médicos e por
outros profissionais de
saúde de acordo
com uma perspectiva biopolítica.
A eugenia também pode ser definida como uma ciência ou método de seleção
humana baseado principalmente em premissas biológicas e não relacionado com
incompreensão religiosa ou com embates de um sistema de dominação político-econômica. A pandemia da COVID-19 é situada no contexto nacional
sob a perspectiva biopolítica e do racismo de estado, conhecidos como alguns
dos conceitos foucaultianos. Os profissionais de saúde passaram por muitos
desafios ao longo da crise sanitária, principalmente com relação às escolhas
que foram obrigados a fazer, visto que em determinados momentos o sistema de
saúde colapsou no país. Trazemos a reflexão se essa escolha dos profissionais
de saúde poderia ser uma nova leitura da eugenia no contexto pandêmico.
Palavras-chave: Teorias raciais. Pandemia COVID-19.
Biopolítica. Necropolítica. Eugenia.
Título: ‘Porque a gente era bom no que fazia': a
romantização da escravidão ocidental no Big Brother Brasil 2022
Autor: Manuel Alves de Sousa Junior, Thamires da
Costa Silva, Robson Batista Moraes
Kwanissa - Revista de Estudos Africanos e Afro-brasileiros,
Vol. 05 Nº 12, junho de 2022
Acesse o periódico: https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/kwanissa/article/view/18762/221
Resumo:
Esta pesquisa traz reflexões
provocadas a partir de um discurso da participante Natália Deodato, no programa
Big Brother Brasil 2022, em que romantiza a escravidão. O regime escravista
ocidental foi um processo violento que ocorreu na modernidade e, até hoje,
possui reverberações na sociedade como os diversos tipos de racismos:
estrutural, individual e institucional, dentre outros. Suas palavras foram
analisadas com base na ciência e na historiografia, utilizando também estudos
de Michel Foucault
e Achille Mbembe
como lentes teóricas. Entendemos que o relato da
participante foi equivocado e que pode atuar em uma educação anacrônica dos
espectadores e população brasileira, demonstrando a falta de letramento racial
da participante. A escravidão deve ser rememorada como um momento histórico,
cruel e violento, jamais ser romantizada. É essencial abordar a escravidão de
forma crítica, para que discursos como a da participante Natália Deodato não se
proliferem, pois contribuem para o fortalecimento mito da democracia racial e
para o silenciamento dos desdobramentos da escravidão no Brasil.
Palavras-chave: Escravidão. Romantização da
Escravidão. Racismo Estrutural. Mito da Democracia Racial.
Produção de verdades.
Título: ‘A biologia como ciência responsável pelo
racismo estrutural: aspectos históricos, científicos e político-filosóficos
Autor: Manuel Alves de Sousa Junior
Missões - Revista de Ciências Humanas e Sociais, Vol. 08 Nº
02, agosto de 2022
Acesse o periódico: https://periodicos.unipampa.edu.br/index.php/Missoes/article/view/111275/30568
O estudo aborda
aspectos importantes sobre
como a biologia
foi utilizada para legitimar o
racismo estrutural no
Brasil. Foi realizada
uma pesquisa sobre
como as Teorias Raciais do Século XIX e seus
desdobramentos utilizaram os aspectos biológicos para justificar uma suposta
superioridade de grupos humanos sobre outros, sobretudo de brancos sobre não
brancos. Para um completo entendimento foi necessário também abordar no estudo
os aspectos históricos, como a
escravidão, conferência de
Berlim, colonialismo e
imperialismo, situação
europeia e brasileira
em fins do
século XIX e
início do século
XX. Os mitos
da democracia racial e do fardo
do homem branco ajudam a entender a legitimação da superioridade branca. Como
embasamento teórico, filosófico e político, o artigo traz a biopolítica
foucaultiana (poder e o racismo de Estado) Giorgio Agamben (vida nua), Achille
Mbembe (necropolítica) e Judith Butler (precariedade), que com seus conceitos
ajudam a entender e refletir sobre o tema e suas reverberações para a
atualidade do racismo brasileiro. Como reflexões finais, trazemos que a
biologia, enquanto ciência, não pode ser culpada, no entanto, é inegável que
foi utilizada por intelectuais
brasileiros para legitimação
da superioridade branca
e ajudou na
instituição do racismo
estrutural, individual e institucional no Brasil.
Palavras-chave: Racismo científico. Racismo
estrutural. Teorias raciais. Biologia.
Título: Namíbia, não! Biopolítica, necropolítica e
racismo de Estado em Medida Provisória
Autor: Manuel Alves de Sousa Junior
Revista Captura Críptica, Vol. 12 Nº 02, dezembro de 2023
Acesse o periódico: https://ojs.sites.ufsc.br/index.php/capturacriptica/article/view/6181/604
Essa pesquisa buscou fazer uma
análise do filme Medida Provisória com a realidade do país, tendo como foco as
lentes teóricas da biopolítica e racismo de Estado de Michel Foucault e
necropolítica de Achille Mbembe. Para a problematização, foi necessário assistir
ao filme algumas vezes, inclusive, pausadamente, de modo que fosse possível
fazer observações e anotações, que poderiam passar despercebidas. A distopia
apresenta estreita relação com os três conceitos apresentados em diversas
passagens e com a realidade brasileira, tanto ao longo da história do
país quanto com
a realidade atual
que ocorre em
cada esquina do
Brasil. O branqueamento
da população, a eugenia, o darwinismo social, são alguns dos fenômenos
históricos brasileiros que dialogam com a ficção.A partir das análises
realizadas com suporte teórico, pode-se constatar que a biopolítica, a
necropolítica e o racismo de Estado, mostram-se evidentes em diversos momentos
no filme, do mesmo modo que é possível fazer correlações da distopia com as
realidades presentes em cada canto do Brasil.
Palavras-chave: Biopolítica. Necropolítica. Racismo
de Estado. Medida Provisória.
Título: Análise das relações raciais em um livro
didático de biologia contemporâneo à sanção da lei 10.639/03
Autor: Manuel Alves de Sousa Junior
Semina - Revista dos Pós-Graduandos em História da UFF, Vol.
22 Nº 03, Novembro de 2023
Acesse o periódico: https://seer.upf.br/index.php/ph/article/view/15161/114117723
O racismo estrutural está
enraizado na sociedade brasileira, inclusive no livro didático de biologia. As
leis n°. 10.639/2003 e n°. 11.645/2008 trouxeram ganhos importantes para a
educação das relações
étnico-raciais. O Programa
Nacional do Livro
Didático é muito importante pois promove a universalização
de seu acesso para estudantes de todo o país. Em alguns casos, são os únicos
livros que os alunos terão em suas vidas. Esta pesquisa analisou um livro
didático de biologia contemporâneo à sanção da lei 10.639/03 do ensino médio
sobre as relações étnico-raciais. Foram
verificadas um total
de 575 imagens,
sendo 551 técnicas
e 24 representativas. Essas
últimas foram analisadas
quanto ao seu
conteúdo e, na
análise, foi confirmado o racismo
estrutural. É necessário que o negro seja inserido nos livros para que a
população brasileira seja representada nas obras, visto que 56% da população
brasileira é negra. A sugestão é que essa pesquisa continue analisando livros
mais recentes para fins comparativos.
Palavras-chave: Livro didático. Biologia. História e
cultura afro-brasileira.
Título: A necropolítica na história do negro no
Brasil: escravidão, pós-abolição e eugenia
Autor: Manuel Alves de Sousa Junior, Henrique Arthur
Lopes
Missões - Revista de Ciências Humanas e Sociais, Vol. 9 Nº
01, Janeiro de 2024
Acesse o periódico: https://revistamissoeschs.com.br/missoes/article/view/84/210
Resumo:
A
necropolítica é um
conceito cunhado pelo filósofo
camaronês Achille Mbembe
a partir de um
deslocamento da biopolítica foucaultiana para o genocídio colonial. O objetivo
deste artigo é analisar de que forma a necropolítica atravessa e entrelaça as
relações escravagistas, o povo negro no período pós abolição e a eugenia
no Brasil nas
primeiras décadas do
século XX. A
metodologia foi descritiva
e exploratória com
levantamento bibliográfico e fontes históricas, com as lentes teóricas
da biopolítica e necropolítica. O entendimento e a inserção de conceitos
como biopolítica e
necropolítica são peça
chave para compreendermos a
transição ocorrida na sociedade
com o pós-abolição
e os impactos
do movimento eugenista
e suas reverberações
na sociedade. A pesquisa
neste campo analítico
tem sido alvo
de disputa política nos
últimos anos no
Brasil, já que
o contexto histórico estudado
é historicamente recente
e sua repercussão
na nossa sociedade,
a partir de
elementos como racismo,
preconceito e desigualdade, ainda estão presentes e favorecem determinadas
camadas da população.
Palavras-chave: Escravidão. Pós-abolição. Eugenia.
Necropolítica. Biopolítica.
terça-feira, 2 de julho de 2024
Artigos publicados
Título: Políticas raciais e o atravessamento do ethos neoliberal.
Autores: Mozart
Linhares da Silva e Camila Francisca da Rosa
Revista MOSAICO (GOIÂNIA), v. 16, p. 50-64,
2023. Qualis (ISSN: 1983-7801).
https://seer.pucgoias.edu.br/index.php/mosaico/article/view/12822
Resumo
O presente artigo objetiva analisar, a partir da
perspectiva da biopolítica, o par/ambiguidade empoderamento/coletividade e
neoliberalismo/ homoeconomicos como tensionadores das relações raciais
implicados nos processos de subjetivação e na constituição de políticas
públicas, no caso em ênfase, a política de cotas raciais, que completa 10 anos
em 2022 no Brasil. Problematiza-se, a partir do atravessamento de um ethos
neoliberal, um sistema estratégico de ambiguidades que mobiliza práticas
inclusivas no ethos neoliberal e práticas de resistência. A biopolítica como
uma estratégia de governamento da população e dos conflitos raciais articula a
partir das políticas públicas novos dispositivos de segurança não mais calcados
na discursividade da democracia racial, mas que capturam os sujeitos
atravessados pelo ordenamento da racialização e do discurso do empoderamento.
Utilizamos como corpus analítico os enquadramentos midiáticos apresentados pela
mídia sobre a Lei de Cotas, a partir do qual problematizamos o par/ambiguidade
colocado acima.
Palavras-chave: biopolítica,
políticas públicas, empoderamento, neoliberalismo, Lei de Cotas.
Título: . A escola e a produção de corpos abjetos:
acoplamentos bio-necropolítico
Autores: Rita Quadros da Rosa; Betina
Hillesheim e Mozart Linhares da Silva
Revista: Criar educação revista do programa de
pós-graduação em educação UNESC, v. 12, p. 40-56, 2023. Qualis (ISSN:
2317-2452).
https://periodicos.unesc.net/ojs/index.php/criaredu/article/view/7596
Resumo
Este texto propõe refletir sobre as relações que se
estabelecem entre a escola e os corpos LGBT. Articulando operadores conceituais
trabalhados por Michel Foucault, Achille Mbembe e Judith Butler, mais
especificamente, os conceitos de biopolítica, necropolítica, abjeção e corpos
passíveis de luto, abordaremos o modo como a cis-heteronormatividade circulante
no ambiente escolar produz os corpos cis-heterossexuais de forma compulsória e
em oposição aos corpos compreendidos como abjetos. Na esteira das discussões
sobre necropolítica, argumentaremos que a zona de abjeção na qual são
posicionados os corpos que desafiam a cis-heteronormatividade é o elemento que
possibilita as políticas de morte contra a população LGBT, sem que a perda de
suas vidas gere luto ou comoção.
Título: O Devir Racial em Anjo Negro
Autores: Antônio Lopes Filho;
Eduardo Steindorf Saraiva e Mozart Linhares da Silva
Revista: Subjetividades, v. 22, p. e12584-13, 2022. Qualis
(ISSN: 2359-0777)
https://ojs.unifor.br/rmes/article/view/12584
Resumo
Inspirada
em Medeia, tragédia de Eurípedes, Anjo Negro – peça escrita por Nelson
Rodrigues em 1946 – conta a trajetória de um casal inter-racial que se põe a
velar seu terceiro filho assassinado. Ele, homem negro, médico. Ela, mulher
branca, aprisionada pelo marido entre os muros da mansão do casal. Através da
escrita dramatúrgica de Rodrigues, buscamos refletir o dispositivo da
racialidade e da resistência na produção artística, bem como a produção de
subjetividade no país da mítica democracia racial. Quando faltam palavras para
pôr em pauta o sofrimento gerado no processo de racialização do sujeito negro,
em oposição à branquitude tomada enquanto norma e identidade não racializada, a
arte oferece o transbordamento, o movimento e a resistência. Arriscamo-nos em
uma análise ensaística, compreendendo a autoria enquanto uma multiplicidade:
quem escreve, escreve com muitos, com um período histórico e seus
empreendimentos. Assim também lemos Anjo Negro, em busca da compreensão do que
a obra comunicou quando produzida e o que hoje representa.
Palavras-chave: racialidade,
identidade, branquitude, resistência, subjetivação.
Título: Educação e inclusão no contexto do neoliberalismo conservador no
Brasil
Autore: Mozart Linhares da Silva
Revista:
REVISTA BRASILEIRA DE HISTÓRIA & CIÊNCIAS SOCIAIS, v. 13, p. 149-166, 2022. (ISSN:
2175-3423)
https://periodicos.furg.br/rbhcs/article/view/13530
Resumo
O artigo
problematiza, a partir da perspectiva da governamentalidade de Michel Foucault,
as relações entre o neoliberalismo, inclusão e exclusão, considerando duas
configurações do neoliberalismo, o democrático e o conservador. Mostra como o
imperativo da inclusão se constituiu numa estratégia de governamentalidade,
sobretudo entre o período democrático, inaugurado pela Constituição de 1988 até
o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, e como, com a ascensão da
extrema-direita, com a eleição de Jair Bolsonaro, esse imperativo perde sua
força interpretativa nas análises do neoliberalismo. O artigo está dividido em
três partes, além da introdução. Na primeira parte, analisa-se como o
imperativo da inclusão agenciou as narrativas neoliberais sobre o capital humano
e a educação. Na segunda, problematiza o esgotamento do imperativo da inclusão
com a emergência do neoliberalismo de feição conservadora. Por fim, na
terceira, ou considerações finais, aponta para a necessidade de
problematizações sobre as relações entre neoliberalismo, conservadorismo e
fascismo como pano de fundo das discussões sobre educação, in/exclusão e
precarização.
Palavras-chave: Educação,
inclusão, exclusão, neoliberalismo, governamentalidade