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Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul, Brazil
O Observatório de Educação e Biopolítica (OEBIO) é uma iniciativa integrada ao Grupo de Pesquisa Identidade e Diferença na Educação e à Linha de Pesquisa Educação, Cultura e Produção de Sujeitos, no âmbito do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade de Santa Cruz do Sul – RS. O OEBIO reúne pesquisadores(as) interessados nos estudos pós-estruturalistas, especialmente nos estudos foucaultianos, e suas interseções com a Educação. O objetivo do blog é divulgar as pesquisas (dissertações e teses), publicações e ações do grupo, além de criar espaços para trocas, parcerias e diálogos com pesquisadores(as) de outras instituições.

Postagem em destaque

terça-feira, 16 de julho de 2024

Livro




 O Império dos Bacharéis problematiza a formação da cultura jurídica moderna brasileira a partir da análise da Reforma dos Estatutos da Universidade de Coimbra (1772), quando, depois de mais de duzentos anos de pedagogismo escolástico, o pensamento moderno, oriundo da revolução galileana e newtoniana, foi institucionalizado. O autor enfrenta, nesse sentido, as diversas correntes do pensamento jurídico que acirraram os debates acerca das teses jusnaturalistas e jusracionalistas no contexto da Reforma. A recepção do pensamento moderno em Portugal, nomeadamente no campo jurídico, foi marcante na formação da geração de intelectuais estadistas que participaram do processo de estruturação do Estado-nação brasileiro. O autor analisa esta herança coimbrã na criação dos Cursos Jurídicos de Olinda e de São Paulo e no Código Criminal de 1830, destacando a importância destas instituições na estrategia política centralizadora do Império. O pano de fundo que perpassa a obra situa-se na (re) discussão do corolário das "idéias fora do lugar" e do paradoxo entre tradição e modernidade. A partir de conceitos como hibridismo e equilíbrio de antagonismos, o livro articula o pensamento jurídico moderno com a dinâmica da cultura política brasileira, recolocando as idéias em seus lugares.


segunda-feira, 15 de julho de 2024

Colóquio Foucault 40 anos (1926-1984): Subjetivação e Sexualidade

 



Call for Papers / Chamada para Inscrição de trabalhos
Inscrição de trabalhos (Comunicações)
1. As Comissões Organizadora e Científica selecionarão os trabalhos submetidos com base nos seguintes critérios: pertinência temática (Michel Foucault, Subjetivação e Sexualidade); qualidade acadêmica do trabalho, considerando o nível de pós-graduação e pesquisa do/a proponente; observância estrita dos prazos divulgados.
2. O prazo final para submeter trabalhos ou drafts (versões provisórias) com respectivos resumos (de 200 a 500 palavras, com título, nome, endereço e e-mail do/a autor/a) é 4 de agosto de 2024. Os trabalhos recebidos após essa data não serão considerados.
3. Todos os resumos e trabalhos devem ser submetidos em uma das três línguas do evento: português, espanhol ou inglês. Apenas os trabalhos apresentados no colóquio serão considerados para publicação numa coletânea em e-book.
4. Os trabalhos não devem exceder 20 páginas, incluindo notas e bibliografia, com o resumo, digitalizados em Word ou RTF, fonte Times New Roman 12, espaço 1,5 e margens de 2,5 cm.
5. Todos os resumos e trabalhos devem ser enviados unicamente por e-mail, como arquivo anexo (attached file), aos 4 endereços de e-mail abaixo:
nythamar@yahoo.com, jairtauchen@gmail.com, camilabarbosa.ri@gmail.com, jose.luis@pucrs.br
6. Trabalhos que não se conformam a essas normas serão desconsiderados. Os autores dos trabalhos selecionados serão notificados por e-mail até 20 de agosto de 2024.
Colóquio Foucault 40 anos (1926-1984): Subjetivação e Sexualidade
Foucault Colloquium 40 years (1926-1984): Subjectivation and Sexuality
9-13 de setembro de 2024 – Sept 9-13, 2024 - Porto Alegre, Brazil
Auditório Prédio 32 (térreo) Ciência da Computação - PUCRS
Guest Speakers / Palestrantes Convidados:
Alfredo Veiga Neto (UFRGS)
Elena Loizidou (Birkbeck University of London)
Gabriela Jaquet (Université Paris-Est Créteil)
Marcia Junges (Unisinos)
Mario Donoso (Université Paris 😎
Norman Madarasz Madarasz (PUCRS)
Sandro Chignola (Università degli Studi di Padova)
Sueli Carneiro (Geledés - Instituto da Mulher Negra)
Sylvio Gadelha (UFC)
Organizing Committee / Comissão Organizadora (PUCRS):
Anelise De Carli (Filosofia, PUCRS/CNPq)
Bettina Steren Dos Santos (Educação/Filosofia, PUCRS)
Augusto Jobim do Amaral (C.Criminais/Filosofia, PUCRS)
Camila Barbosa (Filosofia, PUCRS-UFSC/Capes)
Jair Tauchen (Filosofia, PUCRS)
José Luís Ferraro (Educação, PUCRS)
Nythamar de Oliveira (Filosofia, PUCRS/CNPq)
Renata Guadagnin (Filosofia, PUCRS-UniRitter)

Coorganização dos Programas de Pós-Graduação em Filosofia, Educação e C. Criminais, Escola de Humanidades, PUCRS

quarta-feira, 3 de julho de 2024

Dissertações

 Título: Biopolítica da pandemia: discursos, produção de verdades e processos educativos durante a crise sanitária do coronavírus no Brasil

Autora: Fernanda dos Santos Iochims

Orientador: Mozart Linhares da Silva

Dissertação (Mestrado em Programa de Pós-Graduação em Educação (Mestrado e Doutorado)), 2022. - Universidade de Santa Cruz do Sul, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.

https://repositorio.unisc.br/jspui/handle/11624/3469


Resumo:


Esta pesquisa objetiva analisar, através das lentes de Michel Foucault, o contexto das pandemias na história, suas repercussões no modo de construção do sujeito e da sociedade e a produção de subjetividades a partir das conduções bio e necropolíticas da governamentalidade neoliberal, que constroem normativas, educam e subjetivam os indivíduos imersos em um cenário pandêmico que se reproduz na atualidade. A forma como o Estado conduz a pandemia no Brasil traz à tona as vidas consideradas perdíveis, matáveis, destrutíveis, que não merecem luto ou não são passíveis de sofrimento. É neste contexto em que se opera não mais a biopolítica, mas sim um modelo necropolítico da governamentalidade neoliberal, que produz os corpos que não importam lançando mão de um poder que atua sobre faixas etárias, sobre populações pobres, sobre cores, etnias, gêneros, sobre sexualidades. A globalização do neoliberalismo cria o ambiente ideal para que se estabeleça a bio e a necropolítica que atravessam as estruturas deste modelo que tem o capital, o lucro a todo custo em seu cerne. Pensar sobre bio e necropolítica, sobre as implicações do discurso e sobre os processos educativos e de subjetivação que nos constituem, é refletir também sobre o conjunto de práticas que promovem o genocídio de certos grupos que, através da lógica neoliberal e seus dispositivos de poder, ficam completamente vulneráveis à morte. A pesquisa nos amplia a compreensão sobre os arranjos necropolíticos da governamentalidade neoliberal, sobretudo no contexto de vulnerabilidade exacerbada em que se constitui a pandemia da Covid-19. É imprescindível que confiramos oposição à uma lógica que exclui, que vulnerabiliza, que oprime e que mata. Não podemos aceitar que o luto seja simplificado, que a morte seja naturalizada, que se torne aceitável. Urge uma questão ética, humana, para que seja sustentada resistência à roda de violência.

 

 

Título: Branquitude e Educação: um olhar sobre a constituição das subjetividades raciais no ambiente escolar

Autora: Luiza Franco Dias

Orientador: Mozart Linhares da Silva.

Dissertação (Mestrado em Programa de Pós-Graduação em Educação (Mestrado e Doutorado)) - Universidade de Santa Cruz do Sul, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.

https://repositorio.unisc.br/jspui/handle/11624/3133

 

Resumo:

Considerando os estudos sobre branquitude e educação, bem como as lentes foucaultianas em relação às práticas discursivas e à constituição do sujeito, a presente pesquisa se debruça sobre as relações raciais e sobre o racismo no ambiente escolar. A problemática da pesquisa consiste em analisar como os discursos em relação às questões raciais se configuram no ambiente escolar, a partir das narrativas de docentes e demais agentes implicados no ensino básico público da cidade de Santa Cruz do Sul/RS. As narrativas dos(as) professores(as) e agentes da educação carregam consigo premissas a serem analisadas para compreender quais verdades circulam em relação à ideia de "raça" e como as práticas discursivas sobre o racismo se constituem no campo da educação. O corpus discursivo da pesquisa é produzido por meio da técnica investigativa de grupos focais e da transcrição das falas dos sujeitos da pesquisa. A discussão analítica desse corpus se dá com base na Análise do Discurso (AD), de acordo com as lentes foucaultianas. O trabalho é estruturado com dois capítulos teóricos referentes às discussões, sendo o primeiro sobre "Branquitude e educação: problematizações", e o segundo sobre a "Dinâmica social do racismo e da branquitude no Brasil", os quais servem de aporte reflexivo para as discussões analíticas. Quanto ao capítulo ?Atravessamentos discursivos da branquitude?, é realizada a análise do corpus discursivo através da construção de nove subtópicos que contemplam as inquietações propostas nos objetivos da pesquisa, tratando respectivamente dos seguintes temas: (I) invisibilidade e negação do racismo; (II) discurso meritocrático e mito da democracia racial; (III) concepção de racismo reverso; (IV) racismo, educação e mercado de trabalho; (V) o papel da escola, do professor e da lei 10.639/2003 na educação antirracista; (VI) a importância da representatividade na escola e nos materiais didáticos; (VII) discussões em relação às cotas raciais; (VIII) mobilidade social e as fronteiras raciais em relação à espacialidade urbana, e, por último; (IX) as práticas discursivas sobre o racismo que circulam na escola enquanto reflexo da sociedade. Por fim, é proposto um capítulo teórico-reflexivo intitulado "Ethos Neoliberal, Educação e Devir", no qual são articulados os discursos meritocráticos que emergiram na pesquisa com o contexto neoliberal contemporâneo. Evidencio, para concluir, que os discursos da branquitude ratificam a construção de um sistema educacional fundado com base em um ideal de brancura, isto é, tendo a constituição da identidade branca enquanto norma, o que influencia diretamente os processos de subjetivação no ambiente escolar.

Artigos publicados

 Título: Uma leitura biopolítica de pinturas da História do Brasil

Autor: Manuel Alves de Sousa Junior

Revista de Humanidades, Tecnologia e Cultura - REHUTEC, Vol. 10 Nº 2, Dezembro de 2021

Acesse o periódico: https://8d6b9f8a-910d-4c0e-8e2d-f6c0ea7c677c.filesusr.com/ugd/c3ebcb_eac704399f3a4712ab52ee610980702a.pdf

 Resumo:

O artigo aborda uma análise de pinturas que representam diferentes momentos da história do Brasil sob uma perspectiva biopolítica foucaultiana. A história da arte refletiu e representou a sociedade de seu tempo a partir de uma leitura artística. Foram selecionadas quatro pinturas de momentos diferentes da história do Brasil e analisados a partir das lentes biopolíticas. Em algumas obras também foi possível o diálogo teórico com o conceito de necropolítica de Achille Mbembe. Elementos importantes do processo de construção nacional foram citados e discutidos a partir das obras de arte como sociedades indígenas, escravidão, eugenia, higiene, sanitarismo e república. A leitura biopolítica permitiu refletir sobre os grupos minoritários ou minoritarizados da sociedade brasileira atual.

Palavras-chave: Eugenia. Teorias raciais. Biopolítica. Necropolítica. História do Brasil.

 

Título: Educação eugênica sim, e daí? Condutas do governo brasileiro na pandemia sob perspectiva necrobiopolítica

Autor: Manuel Alves de Sousa Junior

Missóes - Revista de Ciências Humanas e Sociais, Vol. 7 Nº 3, fevereiro de 2022

Acesse o periódico: https://periodicos.unipampa.edu.br/index.php/Missoes/article/view/108734

 Resumo:

Este artigo apresenta um compilado de falas e ações eugênicas proferidas por integrantes do governo federal e analisadas com as lentes da biopolítica de Foucault e necropolítica de Mbembe. O Brasil figura com destaque internacional pelo péssimo desempenho ao longo da pandemia. Desde que a COVID-19 chegou ao país, o governo vem atuando com um negacionismo explícito de diversas formas: provocando aglomerações, disseminando fake news, condenando o uso de máscaras, estimulando a imunidade de rebanho e medicamentos sem comprovação cientifica. Muitas dessas medidas podem ser consideradas eugênicas visto que promovem a morte de uns em detrimento de outros, base da premissa eugenista de purificar uma raça de modo que alguns selecionados devem morrer para o bem e para a vida melhor de outros. Esse contexto está imerso na necro-biopolítica. As ações eugênicas não surpreendem, visto que o chefe do executivo federal sempre flertou com o nazismo e com práticas consideradas eugenistas como o controle da natalidade pela esterilização de pobres. No contexto pandêmico essas ideias ganham outra dimensão em um país que segue contando seus mortos aos milhares. Muitas mortes poderiam ter sido evitadas com uma condução mais efetiva e coordenada da gestão no combate ao vírus.

Palavras-chave: Eugenia. Darwinismo social. Biopolítica. Necropolítica. Pandemia da COVID-19.

 

Título: Uma neoeugenia no colapso da saúde do Brasil pandêmico em uma perspectiva biopolítica

Autor: Manuel Alves de Sousa Junior

Research, Society and Development, Vol. 11 Nº 2, fevereiro de 2022

Acesse o periódico: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/26154/22836

 Resumo:

O objetivo deste trabalho foi trazer a reflexão sobre a presença de alguns sinais eugênicos estarem sendo aplicados involuntariamente, ao longo da pandemia, por médicos e por outros  profissionais  de  saúde  de  acordo  com  uma perspectiva  biopolítica.  A eugenia também pode ser definida como uma ciência ou método de seleção humana baseado principalmente em premissas biológicas e não relacionado com incompreensão religiosa ou com embates de um sistema de dominação político-econômica.  A pandemia da COVID-19 é situada no contexto nacional sob a perspectiva biopolítica e do racismo de estado, conhecidos como alguns dos conceitos foucaultianos. Os profissionais de saúde passaram por muitos desafios ao longo da crise sanitária, principalmente com relação às escolhas que foram obrigados a fazer, visto que em determinados momentos o sistema de saúde colapsou no país. Trazemos a reflexão se essa escolha dos profissionais de saúde poderia ser uma nova leitura da eugenia no contexto pandêmico.

Palavras-chave: Teorias raciais. Pandemia COVID-19. Biopolítica. Necropolítica. Eugenia.

 

Título: ‘Porque a gente era bom no que fazia': a romantização da escravidão ocidental no Big Brother Brasil 2022

Autor: Manuel Alves de Sousa Junior, Thamires da Costa Silva, Robson Batista Moraes

Kwanissa - Revista de Estudos Africanos e Afro-brasileiros, Vol. 05 Nº 12, junho de 2022

Acesse o periódico: https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/kwanissa/article/view/18762/221

 Resumo:

Esta pesquisa traz reflexões provocadas a partir de um discurso da participante Natália Deodato, no programa Big Brother Brasil 2022, em que romantiza a escravidão. O regime escravista ocidental foi um processo violento que ocorreu na modernidade e, até hoje, possui reverberações na sociedade como os diversos tipos de racismos: estrutural, individual e institucional, dentre outros. Suas palavras foram analisadas com base na ciência e na historiografia, utilizando também  estudos  de  Michel  Foucault  e  Achille  Mbembe  como  lentes  teóricas. Entendemos que o relato da participante foi equivocado e que pode atuar em uma educação anacrônica dos espectadores e população brasileira, demonstrando a falta de letramento racial da participante. A escravidão deve ser rememorada como um momento histórico, cruel e violento, jamais ser romantizada. É essencial abordar a escravidão de forma crítica, para que discursos como a da participante Natália Deodato não se proliferem, pois contribuem para o fortalecimento mito da democracia racial e para o silenciamento dos desdobramentos da escravidão no Brasil.

Palavras-chave: Escravidão. Romantização da Escravidão. Racismo Estrutural. Mito da Democracia Racial. Produção de verdades.

 

Título: ‘A biologia como ciência responsável pelo racismo estrutural: aspectos históricos, científicos e político-filosóficos

Autor: Manuel Alves de Sousa Junior

Missões - Revista de Ciências Humanas e Sociais, Vol. 08 Nº 02, agosto de 2022

Acesse o periódico: https://periodicos.unipampa.edu.br/index.php/Missoes/article/view/111275/30568

 Resumo

O estudo  aborda  aspectos  importantes  sobre  como  a  biologia  foi  utilizada  para legitimar  o  racismo  estrutural  no  Brasil.  Foi  realizada  uma  pesquisa  sobre  como  as  Teorias Raciais do Século XIX e seus desdobramentos utilizaram os aspectos biológicos para justificar uma suposta superioridade de grupos humanos sobre outros, sobretudo de brancos sobre não brancos. Para um completo entendimento foi necessário também abordar no estudo os aspectos históricos,  como  a  escravidão,  conferência  de  Berlim,  colonialismo  e  imperialismo,  situação europeia  e  brasileira  em  fins  do  século  XIX  e  início  do  século  XX.  Os  mitos  da  democracia racial e do fardo do homem branco ajudam a entender a legitimação da superioridade branca. Como embasamento teórico, filosófico e político, o artigo traz a biopolítica foucaultiana (poder e o racismo de Estado) Giorgio Agamben (vida nua), Achille Mbembe (necropolítica) e Judith Butler (precariedade), que com seus conceitos ajudam a entender e refletir sobre o tema e suas reverberações para a atualidade do racismo brasileiro. Como reflexões finais, trazemos que a biologia, enquanto ciência, não pode ser culpada, no entanto, é inegável que foi utilizada por intelectuais  brasileiros  para  legitimação  da  superioridade  branca  e  ajudou  na  instituição  do racismo estrutural, individual e institucional no Brasil.

Palavras-chave: Racismo científico. Racismo estrutural. Teorias raciais. Biologia.

 

Título: Namíbia, não! Biopolítica, necropolítica e racismo de Estado em Medida Provisória

Autor: Manuel Alves de Sousa Junior

Revista Captura Críptica, Vol. 12 Nº 02, dezembro de 2023

Acesse o periódico: https://ojs.sites.ufsc.br/index.php/capturacriptica/article/view/6181/604

 Resumo:

Essa pesquisa buscou fazer uma análise do filme Medida Provisória com a realidade do país, tendo como foco as lentes teóricas da biopolítica e racismo de Estado de Michel Foucault e necropolítica de Achille Mbembe. Para a problematização, foi necessário assistir ao filme algumas vezes, inclusive, pausadamente, de modo que fosse possível fazer observações e anotações, que poderiam passar despercebidas. A distopia apresenta estreita relação com os três conceitos apresentados em diversas passagens e com a realidade brasileira, tanto ao longo da história  do  país  quanto  com  a  realidade  atual  que  ocorre  em  cada  esquina  do  Brasil.  O  branqueamento  da população, a eugenia, o darwinismo social, são alguns dos fenômenos históricos brasileiros que dialogam com a ficção.A partir das análises realizadas com suporte teórico, pode-se constatar que a biopolítica, a necropolítica e o racismo de Estado, mostram-se evidentes em diversos momentos no filme, do mesmo modo que é possível fazer correlações da distopia com as realidades presentes em cada canto do Brasil.

Palavras-chave: Biopolítica. Necropolítica. Racismo de Estado. Medida Provisória.

 

Título: Análise das relações raciais em um livro didático de biologia contemporâneo à sanção da lei 10.639/03

Autor: Manuel Alves de Sousa Junior

Semina - Revista dos Pós-Graduandos em História da UFF, Vol. 22 Nº 03, Novembro de 2023

Acesse o periódico: https://seer.upf.br/index.php/ph/article/view/15161/114117723

 Resumo:

O racismo estrutural está enraizado na sociedade brasileira, inclusive no livro didático de biologia. As leis n°. 10.639/2003 e n°. 11.645/2008 trouxeram ganhos importantes para a educação  das  relações  étnico-raciais.  O  Programa  Nacional  do  Livro  Didático  é  muito importante pois promove a universalização de seu acesso para estudantes de todo o país. Em alguns casos, são os únicos livros que os alunos terão em suas vidas. Esta pesquisa analisou um livro didático de biologia contemporâneo à sanção da lei 10.639/03 do ensino médio sobre as relações  étnico-raciais.  Foram  verificadas  um  total  de  575  imagens,  sendo  551  técnicas  e  24 representativas.  Essas  últimas  foram  analisadas  quanto  ao  seu  conteúdo  e,  na  análise,  foi confirmado o racismo estrutural. É necessário que o negro seja inserido nos livros para que a população brasileira seja representada nas obras, visto que 56% da população brasileira é negra. A sugestão é que essa pesquisa continue analisando livros mais recentes para fins comparativos.

Palavras-chave: Livro didático. Biologia. História e cultura afro-brasileira.

 

Título: A necropolítica na história do negro no Brasil: escravidão, pós-abolição e eugenia

Autor: Manuel Alves de Sousa Junior, Henrique Arthur Lopes

Missões - Revista de Ciências Humanas e Sociais, Vol. 9 Nº 01, Janeiro de 2024

Acesse o periódico: https://revistamissoeschs.com.br/missoes/article/view/84/210

 Resumo:

A  necropolítica  é  um  conceito  cunhado  pelo filósofo  camaronês  Achille  Mbembe  a  partir  de  um deslocamento da biopolítica foucaultiana para o genocídio colonial. O objetivo deste artigo é analisar de que forma a necropolítica atravessa e entrelaça as relações escravagistas, o povo negro no período pós abolição e a eugenia no  Brasil  nas  primeiras  décadas  do  século  XX.  A  metodologia  foi  descritiva  e  exploratória  com  levantamento bibliográfico e fontes históricas, com as lentes teóricas da biopolítica e necropolítica. O entendimento e a inserção de  conceitos  como  biopolítica  e  necropolítica  são  peça  chave  para  compreendermos  a  transição  ocorrida  na sociedade  com  o  pós-abolição  e  os  impactos  do  movimento  eugenista  e  suas  reverberações  na  sociedade.  A pesquisa  neste  campo  analítico  tem  sido  alvo  de  disputa política  nos  últimos  anos  no  Brasil,  já  que  o  contexto histórico  estudado  é  historicamente  recente  e  sua  repercussão  na  nossa  sociedade,  a  partir  de  elementos  como racismo, preconceito e desigualdade, ainda estão presentes e favorecem determinadas camadas da população.

Palavras-chave: Escravidão. Pós-abolição. Eugenia. Necropolítica. Biopolítica.

terça-feira, 2 de julho de 2024

Artigos publicados

 Título: Políticas raciais e o atravessamento do ethos neoliberal.

Autores: Mozart Linhares da Silva e Camila Francisca da Rosa

Revista MOSAICO (GOIÂNIA), v. 16, p. 50-64, 2023. Qualis (ISSN: 1983-7801).


https://seer.pucgoias.edu.br/index.php/mosaico/article/view/12822

 

Resumo

O presente artigo objetiva analisar, a partir da perspectiva da biopolítica, o par/ambiguidade empoderamento/coletividade e neoliberalismo/ homoeconomicos como tensionadores das relações raciais implicados nos processos de subjetivação e na constituição de políticas públicas, no caso em ênfase, a política de cotas raciais, que completa 10 anos em 2022 no Brasil. Problematiza-se, a partir do atravessamento de um ethos neoliberal, um sistema estratégico de ambiguidades que mobiliza práticas inclusivas no ethos neoliberal e práticas de resistência. A biopolítica como uma estratégia de governamento da população e dos conflitos raciais articula a partir das políticas públicas novos dispositivos de segurança não mais calcados na discursividade da democracia racial, mas que capturam os sujeitos atravessados pelo ordenamento da racialização e do discurso do empoderamento. Utilizamos como corpus analítico os enquadramentos midiáticos apresentados pela mídia sobre a Lei de Cotas, a partir do qual problematizamos o par/ambiguidade colocado acima.

Palavras-chave: biopolítica, políticas públicas, empoderamento, neoliberalismo, Lei de Cotas.

Título: . A escola e a produção de corpos abjetos: acoplamentos bio-necropolítico

Autores: Rita Quadros da Rosa; Betina Hillesheim e Mozart Linhares da Silva

Revista: Criar educação revista do programa de pós-graduação em educação UNESC, v. 12, p. 40-56, 2023. Qualis (ISSN: 2317-2452).

https://periodicos.unesc.net/ojs/index.php/criaredu/article/view/7596

Resumo

Este texto propõe refletir sobre as relações que se estabelecem entre a escola e os corpos LGBT. Articulando operadores conceituais trabalhados por Michel Foucault, Achille Mbembe e Judith Butler, mais especificamente, os conceitos de biopolítica, necropolítica, abjeção e corpos passíveis de luto, abordaremos o modo como a cis-heteronormatividade circulante no ambiente escolar produz os corpos cis-heterossexuais de forma compulsória e em oposição aos corpos compreendidos como abjetos. Na esteira das discussões sobre necropolítica, argumentaremos que a zona de abjeção na qual são posicionados os corpos que desafiam a cis-heteronormatividade é o elemento que possibilita as políticas de morte contra a população LGBT, sem que a perda de suas vidas gere luto ou comoção.

 


Título: O Devir Racial em Anjo Negro

Autores: Antônio Lopes Filho; Eduardo Steindorf Saraiva e Mozart Linhares da Silva

Revista: Subjetividades, v. 22, p. e12584-13, 2022. Qualis (ISSN: 2359-0777)


https://ojs.unifor.br/rmes/article/view/12584

 

Resumo

Inspirada em Medeia, tragédia de Eurípedes, Anjo Negro – peça escrita por Nelson Rodrigues em 1946 – conta a trajetória de um casal inter-racial que se põe a velar seu terceiro filho assassinado. Ele, homem negro, médico. Ela, mulher branca, aprisionada pelo marido entre os muros da mansão do casal. Através da escrita dramatúrgica de Rodrigues, buscamos refletir o dispositivo da racialidade e da resistência na produção artística, bem como a produção de subjetividade no país da mítica democracia racial. Quando faltam palavras para pôr em pauta o sofrimento gerado no processo de racialização do sujeito negro, em oposição à branquitude tomada enquanto norma e identidade não racializada, a arte oferece o transbordamento, o movimento e a resistência. Arriscamo-nos em uma análise ensaística, compreendendo a autoria enquanto uma multiplicidade: quem escreve, escreve com muitos, com um período histórico e seus empreendimentos. Assim também lemos Anjo Negro, em busca da compreensão do que a obra comunicou quando produzida e o que hoje representa.

Palavras-chave: racialidade, identidade, branquitude, resistência, subjetivação.

 

Título: Educação e inclusão no contexto do neoliberalismo conservador no Brasil

Autore: Mozart Linhares da Silva

Revista: REVISTA BRASILEIRA DE HISTÓRIA & CIÊNCIAS SOCIAIS, v. 13, p. 149-166, 2022. (ISSN: 2175-3423)

https://periodicos.furg.br/rbhcs/article/view/13530

Resumo

O artigo problematiza, a partir da perspectiva da governamentalidade de Michel Foucault, as relações entre o neoliberalismo, inclusão e exclusão, considerando duas configurações do neoliberalismo, o democrático e o conservador. Mostra como o imperativo da inclusão se constituiu numa estratégia de governamentalidade, sobretudo entre o período democrático, inaugurado pela Constituição de 1988 até o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, e como, com a ascensão da extrema-direita, com a eleição de Jair Bolsonaro, esse imperativo perde sua força interpretativa nas análises do neoliberalismo. O artigo está dividido em três partes, além da introdução. Na primeira parte, analisa-se como o imperativo da inclusão agenciou as narrativas neoliberais sobre o capital humano e a educação. Na segunda, problematiza o esgotamento do imperativo da inclusão com a emergência do neoliberalismo de feição conservadora. Por fim, na terceira, ou considerações finais, aponta para a necessidade de problematizações sobre as relações entre neoliberalismo, conservadorismo e fascismo como pano de fundo das discussões sobre educação, in/exclusão e precarização. 

Palavras-chave: Educação, inclusão, exclusão, neoliberalismo, governamentalidade